Por George W de B Cavalcanti*
Há lagoas tantas à mingua,
Porque não tem lagoa azul,
Há lagoas tontas de mágoa;
Luta tanta sofrida, no anzol.
Há incidência de morticínio,
Há a morbidez de gemidos,
Na impunidade de políticos;
No emprego do 'pistolicídio'.
Respeito largado à margem,
Num deserto de sentimento,
Razão tão louca é miragem;
Clama por justiça a contento.
Até pode fazer, e acontecer,
Dizer que assim não presto,
Na minha esperança antiga;
Ver a apreensão, do arresto.
Lagoas cobertas de sombras,
A mãe chorar o filho tombado,
E, a sociedade ferida, adoece;
Pelo motivo torpe, banalizado.
A matéria-prima é o sistema,
De rotina malsã e sem lógica,
O gigante é todo desrespeito;
E a fatura não é nada módica.
Aja, antes que a justiça aborte,
O filho seu que não foge a luta,
Ao nexo sem razão ou suporte;
Embala o berço e não o ataúde.
Resgatar a história obliterada,
Genocídio disfarçado a miúde,
Cidadania faz tornar agastado;
Vasto vício torpe de oligarquia.
Pende em fio de rabo de cavalo,
Defenestra destino dessa gente,
Na impunidade para o abastado;
O apocalipse político emergente.
É sabedoria louca para o divino,
Gente na qual o crime não toca.
É geração de emprego e renda;
E alma sebosa em rica maloca.
Arrasa a paz que resta na terra,
Esse acinte assim interminável,
Da toga, e político engravatado;
Poder aético é todo lamentável.
Massa mantida a não dar conta,
Em torpor, e a vagar sem noção,
Em delírio patético feliz imagina;
Como lhe falta um dedo na mão.
Dom Quixote à guisa de moinho,
Estranho o típico exótico evento,
A manha, no meio do torvelinho;
Extraterrestre no espaço-tempo.
Pungente é o lamento espiritual,
Da viúva que mora do meu lado,
Desesperada, pelo filho perdido;
Comoção solidária do indignado.
Irmanada à dor é a fé imbatível,
Vida nascer da espera mesma,
Anula essa maldade inatingível;
O governo em passo de lesma.
Há lagoas, de consciência clama,
Chora seu molusco contaminado,
Desse atraso ajuntado em penca;
De dura casca, e na lama atolado.
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