Por George W de B Cavalcanti*
Recreio dos Caramujos - PZ, 06 de outubro de 2011.
Rosidalva "minha querida, saudações; escrevo esta carta, mas não repare os senões"...
Senão, chegar a tempo de informar a vocês tudo de importante e urgente que está se passando por aqui; dessas coisas que só a carta pode repetir a informação e sem qualquer despesa a mais. Senão, chegar a tempo o numerário que segue junto, para quitar a dívida da família. Senão, puder ajudar a pagar a cirurgia de urgência de que me falaram. Senão, terminar a tempo essa greve dos CORREIOS que está deixando todos aqui na maior aflição.
Senão, chegar a tempo de informar a vocês tudo de importante e urgente que está se passando por aqui; dessas coisas que só a carta pode repetir a informação e sem qualquer despesa a mais. Senão, chegar a tempo o numerário que segue junto, para quitar a dívida da família. Senão, puder ajudar a pagar a cirurgia de urgência de que me falaram. Senão, terminar a tempo essa greve dos CORREIOS que está deixando todos aqui na maior aflição.
Isto porque, nesse interior abandonado pelos políticos e pelo governo em que vocês vivem; para o que não há outra explicação - principalmente nos dias de hoje - senão o manter todos aí na indigência de comunicação que, também, encabresta o voto de vocês. Onde a telefonia celular não pega e o computador não tem acesso a Internet e nós sabemos que a correspondência é o único meio mais adequado à nossa comunicação e apoio a todos aí da nossa família.
Olha! Nós aqui não entendemos é o seguinte: se o sindicato que mantém a greve é da CUT que é do PT que é o partido da Ministra que é do partido da Presidenta; como é que eles não se entendem? E, se é o voto de toda essa gente dos CORREIOS que, assim, ajuda a eleger os políticos do petê; e numa hora dessa a gente não os vê dar um "pio" em favor desses trabalhadores que mantém o partido deles - como é que tem lógica? Você não acha que isso é uma coisa sem pé nem cabeça?
A coisa das correspondências e remessas pelos CORREIOS estava tão boazinha no tempo do professor FHC - apesar da força contra que os petistas então faziam - que a gente chegava até nos orgulhar dessa empresa do governo. Mas do governo Lula para cá a situação desse serviço virou mesmo de ponta-cabeça cada vez mais e parece até que não tem mais conserto. Eu chego a acreditar que, como no caso das rodovias, eles deveriam permitir que o particular pudesse criar empresas nesse setor também.
Também um professor da escola em que trabalho me contou que, em países desenvolvidos se o sujeito parar esses serviços, que também param o país, termina é "esfriando os miolos" com uma temporada na cadeia, mesmo. E, eu acho que é certo, porque esse setor não é como os de vender mobília, roupa ou farinha na feira, mas, de manter todo o país em movimento em todos os outros setores; até mesmo colocando em risco de morte pessoas inocentes como é o caso da nossa parenta aí que está para ser operada.
A nossa turma aqui das merendeiras do turno da manhã também concordou comigo, no que esse pessoal todo dos CORREIOS tem sofrido barbaridade nos últimos oito anos, principalmente os carteiros. São os ataques, não somente mais dos de cachorros, mas de bandidos a cada dia mais; não bastasse o problema de câncer de pele que aparece muito neles. E até escutei na rádio que, em nosso estado, os carteiros já tinham sido assaltados no primeiro semestre deste ano mais vezes do que em todo o ano passado.
As noticias dizem que o pessoal que assalta os carteiros já é bem variado e que vai em grosso e no varejo, até o simples viciado para comprar drogas. E, quando não é carga maior, todos atacam para roubar cartão de crédito que é enviado para os clientes dos bancos e das financeiras. Acontece que a gente não vê nem banco, nem operadora de cartão e nem governo defendendo os carteiros. Mas, só acho que esse pessoal deveria fazer piquete era na porta dos políticos que eles mesmos elegem e fazê-los os defender.
Quer dizer que, os políticos que são eleitos pelo voto dos funcionários sindicalizados ficam por aí, no "bem-bom". E os coitados dos carteiros sendo afastados do trabalho cada dia mais por problema nos nervos; depressão mental mesmo. Tem um que é vizinho nosso que, de tanto sofrer com sobrecarga de volume trabalho e com a violência dos assaltos, ficou meio "pancada" da cabeça. Foi interno, passou até uns tempos parado se tratando; mas, era só colocar aquela mochila de carta nas costas que ele sentia pânico.
A coisa parece que está ficando cada vez mais feia para o lado daqueles que, o partido que está no poder foi eleito com o voto dos mesmos; ou seja, do nosso, do trabalhador, do cidadão comum e do popular. E, ao que tudo indica esse pessoal petista traiu mesmo a gente; cospem no prato em que comeram - tanto no do trabalhador como no da imprensa que antes eles tanto defendiam, para a liberdade de expressão democrática do pensamento e da informação total a respeito dos acontecimentos e atividades de governo.
Atualmente sabemos que o nosso país, proporcionalmente à população, já é onde mais se mata gente no mundo, e o que vemos é que as causas, o que está na raiz dessa violência toda nem de longe é abordada. Então, como esses governantes querem que a casa não desabe sem que desçam do próprio telhado? E, ainda saem por ai contando vantagem de emprestar dinheiro a Europa, enquanto nós aqui continuamos penando nas mais diversas carências e deficiências. Acho que isso é não ter projeto de governo e sim de poder.
Bem querida, por ora vou parando por aqui 'que Deus do céu nos ajuda'. Eu sei que dificulta um pouco vocês me compreenderem o que digo, mas, que fazer se é daqui que alimento os meus e arranjo um pouco para mandar pelos CORREIOS para vocês ai de vez em quando. Mas, pelo andar da carruagem parece que os únicos envelopes certos para o 'povão' receber são mesmo os de madeira. "Isola!"
Até a próxima quando, espero, a correspondência esteja normal. Até porque, "quando o carteiro não chegou e nem o meu nome gritou com as cartas na mão; ah, que surpresa tão rude, não sei como pude chegar ao portão".
Desse seu parente e amigo certo,
Régis Trado da Silva
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