Saudação

Olá! Este é um espaço de escrita criativa com um toque de humor, e expressão da minha vontade de me aproximar do poder revelador das palavras. Testemunho do meu envolvimento com a palavra com arte, e um jeito de dar vida à cultura que armazeno. Esta página é acessível (no modelo básico) também por dispositivo móvel. Esteja à vontade.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O prazer compartilhado - gratificação holística


Por George W. de B. Cavalcanti*


Tudo, nesta realidade tridimensional na qual existimos, tem a sua escalada constitutiva enquanto energia e /ou matéria, inorgânica ou orgânica. Do nível micro ao macro no cosmos – organização das coisas no espaço – tudo e todos parecem estar em expansão – e/ou pulsação. Como se atribui estar o incomensurável todo que chamamos de Universo.

Essa dinâmica estruturante de sistemas é comum a todos os reinos, seja o mineral, o vegetal ou o animal. E, salvo acidentes de percurso ou colapso por fadiga, todos tem no ápice da interação mútua uma justificação da sua existência. A qual, acredito, não ocorre apenas para simples e generalizado consumo.

Entendo que exista no bom êxito dessa atividade - seja na condição inconsciente, consciente ou autoconsciente - sucessivos e variados graus de satisfação, de inerente prazer. No qual a perpectiva de gozo, climax ou, de orgasmo, vai do mais rudimentar e básico ao mais satisfatório.

Especialmente a nós humanos foi dada - sempre proporcional ao nível de conhecimento e de consciência de cada um -, a possibilidade de identificar e de usufruir da justa gratificação. Seja ela objetiva ou subjetiva, imanente ou transcendente.

Da realização dessas possibilidades depende a história da felicidade de cada um de nós. Nessa gama de fatores e situações que constituem o imenso espectro de interações disponíveis. E, a todos e cada um, o desafio do prazer da experiência específica.

Assim, todo gozo é proporcional à percepção, sensibilidade e acuidade. Habilidades com as quais cada um constroi o roteiro de gratificação face à luta. E, nisto, emblemática é a concepção da parceria orgástica.



Felicidade Inerente e o básico transcendente



Por George W. de B. Cavalcanti*


Tomando por base os meus estudos, a observação da realidade e a minha vivencia pessoal sou de opinião que, a sanidade e o bem estar de tudo e de todos depende de dois fatores existenciais fundamentais: a luta (subsistência) e o prazer (gratificação).

O primeiro é responsável pela presença física e orgânica no espaço e no tempo e, o segundo, pelo estímulo a continuidade do primeiro. E, é do nível de equilíbrio (equivalência) entre ambos que decorre o prognóstico (expectativa) de viver com mais ou menos alegria.

Então, é preciso enterder que além de uma dinâmica é uma permuta e, mais que isto, uma parceria. E, esta, é a palavra-chave que pressupõe a série de preeminente valores que ensejam um saudavel climax; respeitosamente, o orgasmo de cada prazer.

O clímax do prazer, seja intelectual, espiritual ou sensorial - e, existiria por acaso esta separação? - deve ser ecologicamente correto e incluir no próprio o do outro.

Vamos conbinar, que este ápice é plataforma sustentável existencial não há duvida, mas, ainda pouco conhecida em suas múltiplas conotações.

Por isto, nos propomos a abordar o tema numa tentativa de visualizar ainda mais amplos e fascinantes significados.

Porque somente em parceria avançaremos nessa estimulante fronteira do conhecimento.



quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Ao Aveludar das Pedras



Por George W. de B. Cavalcanti*


As pedras rolam, à exceção daquelas que criam lodo até virar sedimento por nunca mudar de posição ou lugar. Estáticas, a jamais experimentar outro terreno, outra interação, outro encaixe e outra possibilidade. Fora de leitos ou de rotas, são, por assim dizer, pedras mortas.

Se mantem no meio do caminho como objeto qualquer que nunca transpõe e sempre é transposto, não fora os movimentos de rotação e translação do próprio planeta. Este, grande pedra fragmentada, mas em movimento que une o seu entremeado de magma e águas.

Outras, que rolam e que saem de seu lugar cujos motivos não vamos aqui questionar, porque em dimensão cosmológica, são incontáveis. A realidade é que tombam e tornam a tombar, a chocar-se e a abrasar. Às vezes portentosamente, retumbantes como se fora sólidos trovões.

Estar à mercê da inércia simplesmente é oferecer-se ao musgo, ao parasitismo como um seu passivo lastro. Não ser ator de eventos é não ter histórico de movimento, apenas o estar geológico. O que reduz, em muito, a chance se se assemelhar à matriz terreal esférica.

Até onde conheço os corpos celestes, aqueles que são significativos de órbita estável são esféricos ou tendem a sê-lo. E, assim escrevo para ilustrar como o imobilismo é bisonho, semelhantemente em nós humanos também minerais e, ás vezes, pétreos ao ocaso.

Pelo que, no que me diz respeito, ocorre-me parafrasear o pensador andino e dizer: confesso que rolei (vivi). E, o faço a tempo suficiente para dizer sem sombra de dúvida que sempre lutei para que não parasitassem sobre mim, como se fora eu uma alegoria de lodo do lago.

Vezei sobre montes e vales, areias, pântanos e cascalhos tantos. Agora, invariavelmente exibo os resultados, e sinto-me gratificado. Sou um ser que rolou até sobre estiletes os mais pontiagudos; pedras lascadas, ouriços do mar travestidos de gente em couraça.

Quedas e atritos tantos me aguçaram o coração e a mente, quase sempre à revelia; ao acaso que de chofre sai da densa bruma do imponderável. Ocasional oposição única, desígnio, destino, sei lá; só sei que quando passa deixa o seu nome gravado: o inescapável.

Reconheço nisto um tanto da minha própria história; testemunho vivo que sou do arrasto. O suficiente para que a esta altura do meu tempo já me sinta um seixo. Liso, livre e escorregadio, que é o aveludar-se da pedra. Modo como essa vida no diz que a polidez é ganho.

Que, ao menos de agora em diante, os meus iguais me permitam entre eles o meu lugar. Quedar-me atentamente e sem criar lodo, porque a o oferecer aos peixes como pasto. Ser outro seixo em leito de córrego cristalino, a sentir como gentil carícia o polir de suas águas perenes.




domingo, 12 de dezembro de 2010

Um olhar sobre a idade



Por George W. de B. Cavalcanti*


Sem hipocrisia nem falsos moralismo há que se admitir que, por um bom tempo de um tempo bom, pernas abertas é o sorriso da vida - "de orelha a orelha"; nem que seja involuntariamente em sonho ou em febril devaneio. Até porque a vida nos faz sorrir ou chorar em forma de pessoas. E, é essa alternância que traz os tipos inesquecíveis à nossa vida.

Acontece que, se nos detivermos por algum momento a nos esguelhar de alguma esquina do tempo, embevecidos nos contemplaremos em dança com alguma/as dela/s. Quem sabe em um grande e belo salão de baile ao som de um bolero, a rodopiarmos até aonde nos permita a memoria e a emoção.

Porque, o que é essa vida senão degustar no tempo os resultados e derramar por ele nossas lágrimas seja elas de tristeza, ternura ou alegria. Tão certo e justo é isto que, sinto pena das pessoas que não choram. Entendo que, nasceram amputadas de alguma parte importante do espírito.

Além de que entender que para este tipo de congênita deficiência não há prótese possível - seja ela fixa ou móvel, outra lição que aprendemos ao longo do escoar do tempo e do vivenciar é que: à medida que envelhecemos torna-se mais difícil imaginar-se em um futuro com dias felizes.

A não ser pelo caminho da fé – embora que “a mulher da foice” troque chaminés por chame nós – temos que reconhecer que somos todos essencialmente jogadores. Uma vez que, desde tenra idade adquirimos o "vício" de apostarmos em nós mesmos.

E, nisto até perde-se o horizonte e se extrapola com prejuízos generalizados que, provocam solavancos no avanço da história; geralmente da dos outros. Pela cegueira de raciocínio que fazem muitos, figurada ou literalmente, cair do cavalo.

Mas, às vezes é preciso se ficar cego diante do espelho para se desenvolver o tato e outras sensibilidades. Para entender que, embora o tempo tenha o seu ofício, o que realmente nos faz envelhecer é a nossa data de nascimento.

Enfim, é preciso regularmente lançar um olhar sobre o tempo, mesmo que seja de esguelha ou de soslaio. Para que, a despeito da nossa data de nascimento, seja perene o nosso sonho. Porque o sonho é a matéria que ajuda a construir pontes no vazio.
 

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Nós, a mantanha e o céu



Por George W. de B. Cavalcanti*


Viver uma velhice com altruísmo e felicidade é possível, bem mais do que corriqueiramente se imagina e, se prestarmos atenção, perceberemos criaturas com este perfil bem próximas de nós.

Ao longo da história, inúmeros são os exemplos famosos, senão vejamos: Cícero o grande orador romano, aprendeu o idioma grego depois dos 61 anos de idade; Cora Coralina, poetisa goiana, publicou sua obra notável aos 80; Bertrand Russell nonagenário escreveu tratados de matemática e de filosofia.

Depois dos 90; Pablo Picasso continuou a ser um pintor genial, mesmo nonagenário. E, o nosso – de saudosa memória – Dr. Barbosa Lima Sobrinho, já centenário e à frente da Associação Brasileira de Imprensa, nos deu um banho de saberes e de lucidez.
Entendo caber aqui, como uma luva, a seguinte citação:

“Quando se escala uma montanha, quando se chega ao topo, não se encontra mais que pedras e neve; mas, dali, a vista é magnífica. Já não se pode mais subir senão, ir ao céu“. (Leclercq).

O mesmo acontece com a velhice, porque envelhecer pode ser comparado a subir uma montanha. Uma vez que, ao se chegar ao seu ápice, tem-se uma ampla e extensa paisagem da vida descortinada diante de nós.

E, podemos contemplar os muitos obstáculos que vencemos ao longo do íngreme terreno que aos nossos pés se estende e que então é escalado, desde o seu sopé, pelos mais novos viajores dessa misteriosa jornada.

Indubitavelmente, cabe-nos fazer com que a Melhor Idade torne-se uma realidade feliz, tanto na nossa quanto na vida de todos os nossos semelhantes.



*Guershon ben Levi (nome hebraico recebido em tevilah conforme a tradição judaica)





segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O Espantalho

Por George W. de B. Cavalcanti*


A tempo certo nasceu naturalmente,
Na terra da rapadura e queijo coalho;
Fruto maduro de mulher competente,
E, de um cidadão bom no uso do malho.

À luz do candeeiro come cuscuz contente,
Por não haver nascido perneta ou zarolho;
Mas, fornido de cara, dente e nariz à frente,
E, com cabeça tão limpa que não cria piolho.

Competentemente educado no agir coerente,
Dando guarida ao bem, ao mal trança de alho;
É, um elo forte e confiável da positiva corrente.

Segue a vida pela fé e sem buscar pulo ou atalho,
Num lugar mesquinho que ao justo dá o restolho;
E, ao pensador e poeta transforma em espantalho.



*
Guershon bem Levi (nome hebraico recebido em tevilah conforme a tradição judaica)


 

sábado, 6 de novembro de 2010

Poema 'holobachiano'



Por George W. de B. Cavalcanti*


Noite a dentro,

A solidão insone,

Impulsão errante,

Do noturno velame;

Barco do meu sonho.

Sob um céu de ébano,

O marfim de teu sorriso,

Lampejo de luar sombrio,

Em parceria que se alterna;

Transforma brisa em melodia.

Vem e esvai-se ante o meu rosto,

Ressonância e tamanha harmonia,

Geme na doce lamúria do violoncelo,

A visagem que dança na luz e no som;

No pontear das notas a tremular fugidia.

Flameja brilho a revelar imagem bailarina,

Rodopiando misteriosa entre gotas de sereno,

Ao vento ameno transforma a vigília em transe,

Esse holograma que transmuta a cigana em anjo;

Névoa e etérea imagem na Bachiana luz da melodia.



*Guershon ben Levi (nome hebraico recebido em tevilah conforme a tradição judaica)




terça-feira, 2 de novembro de 2010

Não Por Acaso

Alvorecer em Florianópolis (Foto: Jonne Roriz/Agência Estado)


Por George W. de B. Cavalcanti*


I
Difícil é;
O reinício,
Tão provável,
Forte penumbra,
Dessa nossa união,
Apenas a madrugada.

II
O afeto inato;
Que a vida junta,
Parecendo ao acaso,
Perecendo e esvaindo,
Enquanto geme a noite,
Gestante fiel e confiável.

III
O não perecer;
Que é dor apenas,
Mesmo o parecendo,
Vivê-lo continuamente,
A minha vida nessa vida,
Uma parábola tão tangente.

IV
Tudo transforma;
Até parece a revelia,
Que a todos emudece,
Quais lívidos náufragos,
Flutuantes saldos de vidas,
Agarrados a restos de alegria.

V
Voga a vida;
E vaga é a noção,
Do valor da emoção,
Tal qual há na piedade,
E, seu efeito, na caridade,
Emoldurada pela comoção.

VI
Amar é um sonho;
Que cobra e encobre,
Do pobre a sua tristeza,
A tanta fraqueza do nobre,
O valor desses meus versos,
O expandir de alguma certeza.


*(Guershon ben Levi, nome hebraico recebido em Tevilah conforme a tradição judaica).


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Professor, cidadão exato



Por George W de B Cavalcanti*


Sou professor, e hoje é a data em nossa homenagem, no calendário da era comum da civilização ocidental; e, ponto, a coisa para por ai. E, não tem neste momento neste país, não que eu saiba, nenhum de nós sendo condecorado por titulares de nenhum nível governamental.

Entendo ser oportuno lembrar que existe diferença entre mestre de ofício e educador. Porque o primeiro ensina uma profissão e também é chamado de professor ou mestre por seus aprendizes. E, o segundo é o que transmite o conhecimento em um espectro mais amplo e que vai do elementar comum à especialização específica.

Existe, porém, os que no magistério vão mais além e se empenham em realizar a educação integral do aluno; estes são os educadores. E, que, com uma postura crítico-propositiva se empenham, na prática, no resgate, universalização e fortalecimento da cidadania. Na formação não de expectadores, mas, de construtores de sua própria história.

Evidente é que em país pretensamente emergente porque negligente educacionalmente, ser professor é a última escolha profissional do alunado. Porque o estudante percebe as aflições permanentes de seus mestres e o desprestígio de quem lhe transmite a luz do saber no recinto escolar.

O educando presencia seus pais irem até o professor não para saber o que está acontecendo, mas, para brigar com o professor acuado e indefeso. Típico de contexto em que, não obstante outros avanços, a consciência da sociedade parece cauterizada e insensível à escalada funesta contra o professor.

O elenco de depreciação que vemos desfilar cotidianamente às vistas ou no noticiário vai, desde o descaso com as faculdades de Formação de Professores até as agressões verbais e físicas em sala de aula, passando pela demissão sumária quando o dinheiro da clientela tem absoluta preeminência.

Triste cenário, e não é de se estranhar as crescentes defecções e baixas nos quadros do ensino. O esvaziamento quantitativo e qualitativo dos contingentes educacionais nos mais variados níveis de ensino. E, o que é pior, a disseminação do medo de trabalhar e a falta de vocações pertinentes.

Arrisco opinar que, tal cenário se instala porque o professor é força motriz de busca pela verdade e pela exatidão quando ensina que dois e dois são quatro e não sete. Embora que, sem esta exatidão, não existe o indivíduo capacitado para a tecnologia e nem para o desenvolvimento econômico. E, nem se constrói um país desenvolvido.


*Gueshon ben Leví, nome hebraico recebido em tevilah conforme a tradição israelita.


 

domingo, 10 de outubro de 2010

Quando Brasília treme



Por George W de B Cavalcanti*


Com é característico foi um ‘salve-se quem puder’ na esplanada do Planalto. Porque quando a terra treme não tem bravo, não tem valente, e nem exímio equilibrista em ‘corda bamba’ que se sustente. E, tampouco os mais sagazes mistificadores conseguem esconder tamanho e tão portentoso fenômeno natural – desde as profundezas.

Tremeu palácio, coreto e o palanque do desmesuradamente ufanista e fanfarrão, no abalo do Planalto no primeiro turno, ao cantar sísmico da natureza; e continua a sentir tremores secundários. Refiro-me aos causados, por sorrateiro e irrefreável movimento, digamos, de ‘placas tectônicas eleitorais. Estas, evidentemente subestimadas por neocomunistas instalados no epicentro, do poder, e sem nada entender de sismologia; tanto que, viu-se debandada.

Parece que o impacto, “nunca antes visto neste país”, calou fundo e foi interpretado pelo presidente cabo eleitoral ‘full time’ como uma armação dos tucanos; que, naturalmente, ‘levaram no bico’. Pois aconteceu que as tais ondas de impacto, provocadoras do sismo altiplano, de verde mudaram para azul e amarelo; ou melhor, para verde, amarelo, azul e branco. Redirecionadas para o espectro natural e democrático de cores deixaram o vermelho ‘bege’.

Quando a terra treme é hora de analisar rápido a estruturas e conjunturas em urgentes condições; é questão de sobrevivência. Mas, quem só olha para o umbigo não tem a perspectiva de entorno, mormente quando abrigado em ‘balança mais não cai’ do serviço público federal. Então uns gelam e outras perdem a graça, e ‘cara de pau’ vira ‘cara de tacho’ por falta-lhes gás de campanha.

Correram então a campo aberto. Espero que o suficiente para sentir o lufar do vivificante vento da liberdade democrática. E, para entender que, embora comunista ateu não acredite em desígnios divinos, Deus continua a olhar por nós e a nos dizer que o Brasil pode mais.

Senão, veja a seguir o que nos diz o emérito jurista Dr. Ives Gandra da Silva Martins, em entrevista no Programa do Jô, de algum tempo atrás. Pra que, em tempo hábil livremos o nosso povo e a Pátria, do sinistro plano que a candidata governista em campanha esconde:

PNHD 3 - Aberração Brasileira pt7
PNHD 3 - Aberração Brasileira pt8


REFLITA E TIRE AS SUAS CONCLUSÕES. SÓ DEPNDE DE VOCÊ, SÓ DEPENDE DO SEU VOTO.

*Guershon bem Levi (nome hebraico recebido em tevilah conforme a tradição judaica)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O circo de carnavais - e, canaviais



Por George W de B Cavalcanti


Diante dos resultados do primeiro turno das eleições do corrente ano tenho motivos de sobra para defender a tese de que, continuo a ser pobre desprestigiado e anônimo – apesar de pós-graduado, alfabetizado digital e com serviços prestados ao interesse público – porque sou um cidadão do nordeste brasileiro e precipuamente por residir no interior do estado de Alagoas.

A título de ilustração vamos abordar o acontecido nestas paragens nesta primeira etapa eleitoral geral do ano em curso. Onde, em todos os níveis da disputa por votos na terra do 'sururú-de-capote', as lideranças e quase totalidade dos candidatos peessedebistas - seja no horário eleitoral ou fora dele - escondeu o seu emérito pleiteante à presidência da república.

Com raríssimas exceções o nome do economista, administrador público competente e político ficha limpa experiente foi trabalhado eleitoralmente. José Serra ficou de fora; seu nome, sua história e sua imagem; para desespero do seu eleitor. Seus correligionários da “terra dos marechais” – dada circunstancial popularidade da adversária – foram de um oportunismo deprimente e de uma tibieza inominável.

Para completar a grande função no picadeiro eleitoral nacional, assistimos às recorrentes apresentações das aberrações jurídicas eleitorais e dos ilusionistas político-partidário. Estes, a tirar da cartola partidária suspeitíssimos 'puxadores de votos' ou "poca-urnas', como se diz aquí no nordeste. Foi um esvoaçar de candidato-bandido, candidato-palhaço, e do mais sagaz: o candidato bandido-palhaço.

Isto sem falar dos trapezistas e malabaristas da legalidade, sempre muito bem treinados por seus marqueteiros políticos para causar frisson, ao rufar dos tambores da grande mídia nacional. Todos sempre sorridentes para as câmeras e a fazer suas perigosas piruetas eleitoreiras sem medo de ser feliz. Já que sempre amparados pela grande rede da nossa legislação eleitoral.

Segurança essa que nunca falta, porque o vasto apetrecho de amparo oferece uma malha aberta, e com estrutura adequadamente elástica. O suficiente para estender-se em conforto para astros e estrelas não-alados em seus mais ousados voos. Até mesmo para os de maior sobrepeso por comilanças, na queda livre do sair de cena no apagar das luzes do picadeiro.

Mas, não poderia concluir este sem atender a pergunta que a esta altura certamente está pendente na cabeça do ilustre leitor. E, quanto aos outros interessantes e indefectíveis números artísticos habituais sob a grande lona; o ‘engolidor de espada’, o 'engolidor de fogo', e especialmente, o ‘globo da morte’ - não tem?

Claro que tem. O que acontece é que, sob a lona verde e amarela da nossa democracia representativa – ou seria em todas elas? – tais arriscados protagonistas são recrutados pelo apresentador do espetáculo. Sim, mas sempre da turma da plateia boquiaberta, e, 'compulsoriamente convidados'. Ou seja, no caso, dentre a maioria do eleitorado: nós comuns cidadãos brasileiros.

Concluo deixando claro que o mestre de cerimônias da temporada é o exótico 'Mister Esseteefe', exímio nos truques com a 'Lei da Ficha Limpa' tanto quanto com a lei da gravidade. E, sempre solícito ao 'Gerente Geral para Carnavalizações' cuja última alegoria é: 'O Trem Bala em Desafio à Engenharia e ao Contribuinte'; enquanto por trás da cortina agoniza toda a logística do 'gran circo' de carnavais e canaviais.



domingo, 26 de setembro de 2010

Sabor de Melodia


Por George W B Cavalcanti*


Então escrevo poesia,
Em um mundo que fica triste;
Porque tristeza é sempre arredia.

Assim, escrevo poesia,
Movido ao pulsar primitivo;
Que conduz esse rumo de vida.

Sigo a escrever poesia,
Porque ela exercita a alma;
E arrefece o que me angustia.

Meu viver cercado e marcado,
Pelo vil metal no voraz mercado;
Ao resistir a ser mera mercadoria.

Pouco ter é o fugaz existir,
Sem o qual nem o descreveria;
Nesse pleno exercitar do meu ser.

Aproveito e escrevo a revelia,
Enquanto sinto que se negue ver;
Que mais um pouco e não existiria.

Impulsiva é a letra, início,
No reinventar um sonho de ser;
Degustar intenso prazer do verso.

Enfim, escrevo poesia,
A fiel cúmplice compassiva;
Da letra como lágrima vertida.

Que nesses rumos tantos,
Ao tanto me insinuar alegria;
Escrevo como se fora um alento.

Letras tantas e incontidas,
Contudo, sem lograr o exaurir;
Meu pensar com sabor de melodia.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Vai de taxa


Por George W B Cavalcanti*


Veja que poética esta declaração:

Seja forte, minha companheira... para que possa ficar inabalada quando eu cair; para que eu possa saber que os estilhaçados fragmentos de minha canção tem em você melodia mais bela; para que eu possa dizer ao meu coração que você começa onde eu, ao morrer, acabo, e passa a compreender mais”.

O caro leitor já deve estar pensando que a citação acima seria uma antecipação ou um vazamento do rascunho do discurso, em primeiro de janeiro, do “cara” passando a faixa para a “coroa”.

Ledo engano. Trata-se da dedicatória do filósofo e escritor norte-americano Will Durant à sua mulher na segunda edição americana de seu livro História da Filosofia. Obra traduzida para uma dezena de idiomas, inclusive em português. E, editada no Brasil em 1996 pela Nova Cultural de São Paulo – SP.

Evidentemente que, não é e nem nunca será de autoria do sabido cidadão iletrado que ascendeu à governança máxima do nosso país. E, o fez graças principalmente à inépcia, quanto ao óbvio, dos mais letrados. Ao não atendimento ao óbvio uLULAnte imperativo econômico da distribuição de renda. Não o suficiente, do fortalecimento do mercado interno e geração de renda; exatamente nesta ordem.

Então, como explicar que, um cidadão que em oito anos de mandato presidencial nunca foi flagrado absorto na leitura de um livro ou operando um computador pessoal permaneça “o cara”? E, continue a ‘levar no bico e no gogó’ todo mundo, ao ponto de politico-eleitoralmente ‘dar de chapéu’ nos letrados emplumados; inclusive nos sociólogos de plantão?

Ocorre-me arriscar uma explicação, um tanto momesca, reconheço, mas, nada fantasiosa. No sentido de que esse surrealismo político todo acontece porque esta nação está, ainda, mais para sambódromo do que para república. Porque, as nossas agremiações partidárias evoluem nas avenidas da nossa democracia, deslumbradas, como a desfilar em um carnaval político.

Tanto isto é verdade que, o cortejador-mor de ditadores sanguinários e negadores do holocausto, “em nome dos negócios” – lembra Il Capo, capiche? -, parece inarredável das alegorias clientelistas e da popularidade. E, da massiva audiência às suas carnavalizações dos tais ovos de ouro: o etanol, o biodiesel e o pressal; todos ainda na cloaca da galinha.

O samba-enredo é, evidentemente, um ‘Samba do Povo Tolo’, repleto de toscas metáforas e cínicos sofismas. Destes, o que ora está “bombando” desde o barracão que instalaram no quarto andar do Palácio da Alvorada tem a, digamos, ‘rubrica mercadológica de 6%' e o nome de fantasia de “Taxa de Sucesso”. Caracas, esse pessoal sabe se reciclar. E, como sabe!

Entretantemente”, como diria o memorável Odorico Paraguassú. Essa tal "Taxa" não passaria de mais um “eufemismo trambiquista do bolcheviquismo caboclo profissionalista”. Ou seja, seria mesmo a velha extorsão, tão mafiosa quanto "revolucionária" e igualmente edionda. E, quem puxa esse samba? Ora, - e reza -, nós brasileiros!...


(*)Vide 'Visualizar meu perfil completo', na coluna da direita deste blog.

domingo, 22 de agosto de 2010

Horas Escorridas



Por George W B Cavalcanti


Estou me dando esse tempo,
Sem sequer conseguir parar,
Um minuto sequer, o querer;
O baú de horas que destampo.

Estou eletricamente, lento,
Atento ao escoar das horas,
Amolecidas no pensamento;
Nem sei se é fase ou destino.

Estou exótico e, por dentro,
Inquietude que amadurece,
Contando a tijolos de muros;
Do que quer deter fé e prece.

Estou célere contemplativo,
Desfiando tempo recorrente,
Na estratégia vivo intuitivo;
No sigilo ágil de uma mente.

Estou fitando a tanta gente,
O seu compasso a malograr,
Aceitando apenas o inerente;
Sombra e assombro a chegar.

Estou mordaz, até insolente,
No mural sutil e automático,
Que assim revela displicente;
A cena e o seu revés estático.

Estou autômato e incontido,
Embora leia tanta indiferença,
Desse processo já premeditado;
Trôpego, omisso, até irrefletido.

Estou a rir do que me restou,
Sou o satírico, mas não cínico,
Na hora que sobre si se dobrou;
A ouví gritar: chamem o síndico!



segunda-feira, 14 de junho de 2010

Inspirações Arredias - fragmentos


Por George W B Cavalcanti
(título atualizado em 06/11/2011)


Fragmento 1

Cordel de Amarar Pão

Cordel e canto da vida ágil,
O necessário dele vivi a ouvir,
Para aprender o tanto que ensina;
Que as extremidades se encontram,
No ponto comum a cordéis e pessoas:
Intersecção, separação ou nó, pode ser.

Fragmento 2
Quimera Amável

Musa minha permita-me a ousadia,
De fazer-te versos assim enternecidos,
Nesta poesia que não desiste dessa lida,
Quando o rombudo sentir do roto mundo,
Permuta verso e ternura por uma fantasia;
Tamanho vazio deixa ao relento minha rima,
Em adverso contexto afeito à recusa de nexo.

Fragmento 3
Bodoque

Fui menino com estilingue,
Que viu a vida a voar açodada,
E depois pousar sobre os telhados,
Quando eu ainda não havia vivenciado,
Algum vôo errático e seus significados:
De colocar na mira a vida como um alvo,
Medir as distâncias e as conseqüências,
Daquela forquilha, couro e látex esticado;
Sair pela vida, a testar o poder do artefato.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Pandora em nosso pandeiro – Pandora é aqui, parte 2



Por George W B Cavalcanti


Nesses novos tempos de derrocada ambiental, aos quais adentro na condição de sexagenário – quando o instigante prefixo (sex) serve como lembrete – e me apaixono pela ecologia; essa corpulenta e delicada dama azul de grandes olhos voltados para a vida. O filme “Avatar” me traz a memória, com uma nitidez impressionante, as noites sem iluminação elétrica no burgo alagoano, quase quilombola ainda, da minha infância. Quando eu corria pelo Beco do Coité (situado por trás do prédio da drogaria dos meus pais) caçando passarinhos; ao desatolar dos meus pés serelepes no massapé de barro vermelho.

Trata-se de um, digamos, efeito especial extra e muito pessoal. Com o qual eu torno a sentir a brisa fresca das noites nas quais fruía o hálito ecológico e floral da mata atlântica, àquele tempo ainda em nosso derredor. Quando, ao avançar do manto noturno, a neblina que se formava na copa das árvores altaneiras da histórica Serra da Barriga, descia solene e sorrateira lambendo a serpente líquida do rio Mundaú. E, a todos ofertava, em cada chance, um misto do frisson da “Troia Negra” com um tanto de “banzo” da necessidade de conciliar o sono.

A cada lufada daquela brisa úmida ficávamos prenhes de refrigério físico, mental e emocional; pelos aromas da mata, do rio e das campinas – a premiar os nossos sentidos com uma infinidade de significados de vigor primaveril. E, tanto fazia se estávamos a contemplar o campo ou a cidade; se ao passeio público, ao recolhimento pudico, ou, à intimidade púbica. Aquelas noites eram fascinantemente luminosas; clareadas que eram por luares portentosos, que percebíamos e degustávamos num misto de intimidade e cumplicidade.

Havia uma natural rotina em nos surpreendermos com o impressionante daqueles tons de azuis e sombras entre o fantástico e o fantasmagórico. Nos causos e estórias de assombração que, invariavelmente, alguém começava a contar prenunciando à hora de recolhimento das crianças aos berços. Àquela altura éramos todos “azuis”; porque os matizes e as tonalidades do azul globular terreal inundavam com um quê de surreal àqueles tempos de nossas vidas.

Porque, por outro lado, o progresso – dúbio e conflituoso que é – já esboçava sua presença. Cobrando, como de praxe, o seu altíssimo preço ao santuário ecológico da terra de Zumbí dos Palmares. Afugentando para bem distante; para o seio amazônico, o que hoje percebemos como a nossa extinta Pandora. Não mais haveria aquela cinematográfica mistura de mistérios e brilhos de luar a apascentar os locais, a nos lembrar os nativos, a nos deixar a escutar os antigos.

Hoje, quando ao prenúncio da madrugada insone, reflexivo e contrito perambulo por meu quintal. Paro um pouco e busco os ecos naturais daqueles tempos e as reminiscências azuis de seus cenários. Mas, quase já não percebo os silvos, os pios e os gorjeios noturnos; a sinfonia azul que, no passado, o ambiental orgânico entoava.

Agora restam em outras paragens, se fazendo ecoar em longíquas naves arbóreas florestais. Acuados entre biomas isolados e cristais digitalizados; nos cenários virtuais em 3D. Mas, ainda assim e sempre, a resistir brava e naturalmente à ação de “civilizados” humanos, em sua busca por um improvável futuro.

(continua)

sábado, 1 de maio de 2010

Pandora é aqui: amazônia



Por George W B Cavalcanti


Seria mesmo a melhor opção voltar à Terra, para o meio de humanos que, provavelmente, seria a espécie mais belicosa do Universo? Ou seria melhor conter o seu sistema, lutar para expugná-los do remanescente do nosso mundo de harmonia? E, assim, preservar o ecossistema que faz a conexão com o bem e seu imensurável poder. Sim, fazer consciente parceria com as diversas criaturas, as quais mesmo que ainda não o saibamos, interagem e compactuam naturalmente para um planeta ainda sustentável e em misteriosa harmonia.

Nós todos somos o nosso planeta em sua extraordinária biodiversidade. Basta transpor o perímetro aparentemente limitado ao nosso próprio corpo e superar o comodismo inconsequente do nosso egoísmo e das idéias mesquinhas. Pois, há mais uma chance para essa catarse após assistir o filme Avatar. O qual, mais que uma simple ficção é uma consistente premonição; tecnicamente consubstanciada pelo notável James Cameron. Um diretor cinematográfico cujo talento atende à grandeza da denominada sétima arte.

Pandora, no que nos diz respeito, fica bem ao norte em nosso país; onde – ainda – é produzido vinte por cento de todo oxigênio necessário a continuidade da vida neste planeta. Aqui no território brasileiro há uma vastidão de biomas portentosos, mas, frágeis diante da truculência do interesse econômico; da ganância e da inépcia de gestores e governantes. Mentes não iniciadas em cosmologia, geo-história e filosofia; e, assim, danosas porque não permeadas pela consciência planetária.

Muito provavelmente o nosso nativo indígena amazônico tenha servido como inspirador e modelo para o Na'vi da cinematográfica Pandora. Guardião, supostamente indefeso, de ancestral consciência avançada, sob o verde manto amazônico - realidade sistêmica e fractual superlativa. E, o seu húmus é sustentabilidade a todo o planeta com o seu sutil e fascinante equilíbrio; apoiado que é na parceria entre as leis físicas e os seus elementos químicos característicos.

A cena real amazônica já estaria exaurida não fora os alertas e gritos de todos os "avatares": naturalistas, ecologistas e preservacionistas - esta hora chegou. E, a extremosa metáfora é azul, como o planeta ao qual estamos, todos - hoje e, esperamos, ainda, por tempo suficiente -, vitalmente ligados. Sustentados e em desenvolvimento, nessa generosa gravidez múltipla terreal. Na milenar gestação maior de ciência e consciência.

Assim, é tempo urgente – que se precipita – para conhecer, para conhecer-nos e reconhecer. Para usufruir a dádiva da identificação com a nossa Amazônia-Pandora; vital na composição planetária da qual somos apenas uma pequena porção. Porção esta que consciente da verdade mas com renovada insensatez, teima em ser o organismo vivo mais ameaçador ao grande corpo planetário que o acolhe e sustém.

Imaginamos ocorra uma revisão de paradigmas educacionais ecológicos em todo o planeta. Mas, aqui, urgente é que todos nós brasileiros os entendamos plenamente. Que internalizem a essencial mensagem desse impactante filme, com suas sublimes e proféticas criaturas azuis. Até porque já não basta que sejamos verdes, temos que nos tornar, também "azuis"; também sábios, em nossa árvore amazônica.

Aproveitemos o artístico evento para refletir e para compreender que, cada um de nós tem dentro de si o seu próprio avatar ecológico, ainda que temporariamente adormecido. E, sinceramente, torcermos para que – se não as religiões, as filosofias e as ideologias –, ao menos os “Na'vi”, consigam, enfim, nos acordar para esta premente realidade.

(continua)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Escamas na Cama



Por George W B Cavalcanti


Aos primeiros lumes acordo sempre sem o teu aroma,
Essência de cálida consistência na maciez do teu corpo,
E abraço lençóis sobre o espaço de tuas ancas ausentes,
Quando me debruço ávido de tua presença ao meu lado;
O sono foge enquanto novos acordes do dia me acordam,
E, o que sempre ocorre é apenas o espalhar de memórias,
Secas, sem gozo, ou glória e a buscar por alento no silêncio.

Penso em ti, no quando fomos nós, para tentar ouvir tua voz,
Minha foz e fonte por trás desse fosco vidro que é o horizonte,
Silhueta do nada faz a linha divisória que te traz de tão distante,
Enquanto pretendo, mesmo daqui, tentar expandir a tua mente;
É o que importa, porque susta a vontade de explodir o restante,
Quando dizes achar engraçado esse modo de me fazer em verso,
No provinciano e triste entorno, no meu cansaço de ser sozinho.

Minha sonolenta rotina é espiar o novo dia por cima do seu muro,
Até ficar mais um tempo quieto não me parece virtude ou defeito,
Se tua miragem insiste em permanecer cúmplice de uma tênue lua,
Que segue deixando um rastro de indagações em meu pensamento;
Nesse mar de ilusões em que me encantas com o teu canto de sereia,
Mas, acordo para a realidade antes de me tornar espuma no rochedo,
E, fujo desse acalanto que, por encanto, faz de tuas águas o meu leito.


segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Elas Sabem dos Seus Pés



Por George W B Cavalcanti*


I
Da rotineira cadeira de balanço,
Eu as vi na telhinha mais uma vez,
Naquele jovem canal do televisivo,
O açodamento daquelas duas ninfas;
“patas de gazelas”! Falaria o Machado,
Se visse tal subliminar discurso sensual.

II
Tenras flores de beleza forte e franca,
Definitivamente graciosas e loquazes,
Tendo a primeiro plano seus plantares,
Como bem apraz às sensíveis e sagazes;
No cuidar e expor as porções desejáveis,
Nesse gênero que é foco desse meu enlevo.

III
Meticulosamente criativas e envolventes,
Com basilar obra-prima em sutis meneios,
Desfaçatez a fazer o detalhe roubar a cena,
Para instigar assim meticulosa lubricidade;
Tida mediante a parte para mera locomoção,
No gestual de seus pés a atender aos anseios.

IV
Entabula seu discurso silencioso nos trejeitos,
Obtendo resposta por graça e obra da estética,
Que combinaram “enquadrar” a primeiro plano,
Cientes da simbologia viva naqueles seus detalhes;
Inquietas anunciantes com a morfologia sugestiva,
O delírio de prazer quando agraciados com carícias.

V
Um convite a doutos nesse palmilhar caminhante,
Em desvendar volúpia nos meandros dos artelhos,
Sentir coração e emoção a pulsar em suas palmas,
A cabeça e o pensar já firmados pelos calcanhares;
De onde partem suas duas refinadas linhas laterais,
À esquerda e à direita ser seu côncavo e o convexo.

VI
Cor, textura, cheiro, gosto na acurada sensibilidade,
Juntos ou semi-separados por num tempo cativante,
Na “grade” da programação a garantir-lhes audiência,
Enfim, ao menos no que me diz respeito é um segredo;
De explorador de universos de praxe ocultos ao inepto,
Alheio às ricas facetas desses bem codificados tesouros.


*Guershon Bem Levi, nome hebraico recebido em tevilah na CINA, conforme a tradição judaica).



quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Verde, Amargo e Doce


 Por George W de B Cavalcanti*


Enquanto a vida verdadeira,
Clama a cada dia por eternidade,
A vida inventada provê degradação;
E, a cegueira nos humanos continua,
Nessa desdita da criação maltratada.

Mínima percepção da tragédia é o jogo,
Na forma geométrica que não se derruba,
E, continua enquanto o pano verde encolhe;
Até não mais se ter onde se jogar os dados,
Viciados, do mundo artificialmente criado.

Castelo de cartas marcadas a desmoronar,
Sempre, ao menor vento da falsa verdade,
De tosca, arrogante e enganosa matemática;
Em que se crê numa louca irresponsabilidade,
De pagar prazer com mal sem contar o troco.

Enquanto tudo e com afiado gume,
Sempre oscilou à revelia e à sua volta,
Balançado como espada sobre cabeça;
Profecia tida como mero conto de fadas,
Do mundo que fora perfeitamente criado.


Que haja olhar enquanto há olho para ver,
Painel de saber nesse cósmico firmamento,
Didático e pedagógico em sua grande lição;
A nos bastar como nosso mais perene alento,
Retorno, princípio e lei da forma que é tudo.

Lida que nos permite perceber o entorno,
A energia interna e o equilíbrio da esfera,
Veloz e generosa ante a humana lentidão;
Nela certa coisa faz incerta outra, a nossa,
E, na solidão do espaço, já esboça a reação.


*(Guershon Ben Levi, nome hebraico recebido em Tevilah na CINA, conforme a tradição)

É Freud*! - o homem que mexeu com a cabeça de todos os homens


Org. George W. B. Cavalcanti*


Suas frases célebres:

"Nós poderíamos ser muito melhores, se não quiséssemos ser tão bons".
"Quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir, se convence que os mortais não podem ocultar nenhum segredo. Aquele que não fala com os lábios, fala com as pontas dos dedos: nós nos traímos por todos os poros".
"Talvez os deuses sejam gentis conosco, tornando a vida mais desagradável à medida que envelhecemos. Por fim, a morte nos parece menos intolerável do que o fardo que carregamos".
"Podemos nos defender de um ataque, mas somos indefeos a um elogio".
"De erro em erro, vai-se descobrindo toda a verdade".
"O desejo é o impulso de recuperar a perda da primeira experiência de satisfação".
"Em última análise, precisamos amar para não adoecer".
"O instinto de amar um objeto demanda a destreza em obtê-lo, e se uma pessoa pensar que não consegue controlar o objeto e se sentir ameaçado por ele, ela age contra ele".
"A popularização leva à aceitação superficial sem estudo sério. As pessoas apenas repetem as frases que aprendem no teatro ou na imprensa. Pensam compreender algo da psicanálise porque brincam com seu jargão...".
"O intelecto nunca descansa até conseguir audiência".
"O valso é às vezes a veredade de cabeça para baixo".
"Fui um homem afortunado; na vida nada me foi fácil".
"A ciência moderna ainda não produziu um medicamento tranquilizador tão eficaz como o são umas poucas palavras boas".
"A renúncia progressiva dos instintos prece ser um dos fundamentos do desenvolvimento da civilização humana".
"Um dia, quando olhares para trás, verás que os dias mais belos foram aqueles em que lutaste".
"Somos feitos de carne, mas temos que viver como se fôssemos de ferro".
"Qualquer coisa que encoraje o crescimento de laços emocionais tem que servir contra as guerras".
"Disse Platão que os bons são os que se contentam com sonhar aquilo que os maus fazem na realidade".
"Mentes criativas são conhecidas por resistirem a todo tipo de maus tratos".
"A felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por sí, tornar-se feliz".
"O estado proíbe ao indivíduo a prática de atos infratores, não porque deseje aboli-los, mas sim porque quer monopolizá-los".
"A sede de conhecimento parece ser inseparável da curiosidade sexual".
"É quase impossível conciliar as exigências do instinto sexual com as da civilização".
"O homem enérgico e que é bem sucedido é o que consegue transformar em realidades as fantasias do desejo".
"Não posso imaginar que uma vida sem trablho seja capaz de trazer qualquer espécie de conforto. A imaginação criadora e o trabalho para mim andam de mãos dadas; não retiro prazer de nenhuma outra coisa".
"Um homem que está livre da religião tem uma oportunidade melhor de viver uma vida mais normal e completa".
"A inteligência é o único meio que possuímos para dominar os nossos instintos".
"Aciência não é uma ilusão, mas seria uma ilusão acreditar que poderemos encontrar noutro lugar o que ela não nos pode dar".
"Qualquer um que desperto se comportasse como nos sonhos seria tomado por louco".
"A crença em Deus subsiste devido ao desejo de um pai protetor e imortalidade, ou como um ópio contra a miséria e sofrimento da existência humana"
"Cada um de nós tem a todos como mortais menos a si mesmos".
"Nenhum crítico é mais capaz do que eu de perceber claramente a desproporção que existe entre os problemas e a solução que lhes contribuo".
"Toda anedota, no fundo, encobre uma verdade".
"A humanidade progride. Hoje somente queimam meus livros; séculos atrás teriam queimado a mim".
"O sonho representa a realização de um desejo".
"O primeiro humano que xingou a seu inimigo em vez de atirar-lhe uma pedra foi o fundador da civilização".
"Seria muito simpático que existisse Deus, que tivesse criado o mundo e fosse uma benevolente providência; que existissem uma ordem moral no Universo e uma vida futura; mas é um fato muito surpreendente que tudo isto seja exatamente o que nós nos sentimos obrigados a desejar que exista".
"Existem duas maneiras de ser feliz nesta vida, uma é fazer-se de idiota e a outra sê-lo".
"Se dois indivíduos estão sempre de acordo em tudo, posso assegurar que um dos dois pensa por ambos".
"A grande pergunta que nunca foi contestada e à qual ainda não pude responder, apesar de meus trinta anos de investigação da alma feminina, é: o que quer uma mulher?".
"Deixa de lado todos os seus afetos e também sua compaixão humana e concentra as suas forças espirituais numa única meta: realizar a cirurgia o mais de acordo possível com as regras da arte".
"As vezes um charuto é apenas um charuto".
"Cães amam seus amigos e mordem seus inimigos, bem diferente das pessoas, que são incapazes de sentir amor puro e têm sempre que misturar amor e ódio em suas relações".
"O homem é dono do que cala e escravo do que fala".
"O pensamento é o ensaio da ação".
"Se queres poder suportar a vida, estás disposto a aceitar a morte".
"Que contraste pertubador existe entre a inteligência radiante de uma criança e a fágil mentalidade de um adulto mediano".
"A religião e compatível a uma neurose da infância".
"A verdade a cem por cento é tão rara como o álcool a cem por cento".
"Como fica forte uma pessoa quando está segura de ser amada!".
"Se eu pudesse te dizer aquilo que nunca te direi. Tu poderias entender, aquilo que nem eu sei".
"A nossa civilização é em grande parte responsável pelas nossas desgraças. Seríamos muito mais felizes se a abandonássemos e retornássemos às condições primitivas."


* Schlomo (Salomão) Sigismund Freud foi o criador da psicanálise. Nunca renegou sua orígem judaica, mas também nunca praticou o judaísmo. Aliás, não aceitava nenhuma religião. Contudo, ao contrário de muitos intelectuais vienenses marcados pelo "ódio de si judeu", Freud, judeu infiel e incrédulo, hostil a todos os rituais e à religião, nunca negaria sua judeidade. Como enfatizou Manès Sperber, ele continuaria sendo "um judeu consciente, que não dissimulava a ninguém sua origem, proclamando-a, ao contrário, com dignidade e frequentemente com orgulho.


Fonte: volume 4 da coleção Homens Que Mudaram A História. CT Editora, São Palulo - SP. Contendo resultados de consultas a: ROUDINESCO, Elisabeth e PLON, Michel, Dicionário de Psicanálise. JONES, Ernest, Vida e Obra de Sigmund Freud.


**(Guershon Ben Levi, nome hebraico recebido em Tevilah na CINA, conforme a tradição



Do Cotidiano ao Futuro



Por George W B Cavalcanti*


A resposta sempre esteve,
E estará,
Dentro de cada um.

Mas, para encontrá-la,
Há que se viver,
Para entender.

Mesmo a levar toda vida.

Uma vez que,
Todo mundo mente;
Porque deixa de contar a verdade,
Sobre si mesmo.

Entenda, pois,
Você só precisa viver;
Para ver que algumas lições,
Não podem ser ensinadas.

Enfim, perceber,
Como eu sempre soube ter,
Um coração puro.

E, que a segunda vida,
Nunca é igual à primeira;
Pode ser até melhor.

Só depende de você.


*(Guershon Ben Levi, nome hebraico recebido em Tevilah na CINA, conforme a tradição)


segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A mulher centrifugada



Por George W B Cavalcanti*


"A grande pergunta que nunca foi contestada e à qual ainda não pude responder, apesar de meus trinta anos de investigação da alma feminina, é: o que quer uma mulher?"
(Sigmund Freud)
Percebemos que a mulher contemporânea tem, a cada dia, menos interesse ou tempo para constituir e edificar família a partir de uma sua busca por um ser que, há tempos, se convencionou chamar de ‘homem de bem’; mais especificamente, o bom caráter de ‘ficha limpa’. Parece-nos que ela o tem substituido por um impermeavel interesse -; dedicada a ‘vencer na vida’ junto ao empregador, ao patrão, ao chefe, ao subordinado e, especialmente, ao seu agente financeiro. E, eventualmente, voltada para companhias sexuais, ou, macho reprodutor estrategicamente admitido para fins de parceria econômica não necessáriamente financeira -; ficando, pois, a geração de prole, condicionada ao seu esquema de vida. Ou seja, - enfocadas as classes 'a', 'b' e 'c' especialmente - ela parece já não ter "tempo a perder" com 'antigas' divagações românticas decorrentes de mais acuradas prospecções transcendentes neste âmbito da vida.

Sua demanda reprimida por liberdades a faz reiteradas vezes "cair como um patinho" nas engrenagens da máquina – e na ‘orgia’ – do consumismo, empurrada que é pelas vigentes e insuspeitas ‘materiolatria’ e ‘sensoriolatria’. Déficit existencial este que, em saudosos tempos de maior rigor ético e contextos econômicos mais modestos, as compeliam a ‘jogar pedras’ nos telhados masculinos. Na imagem do macho tradicional e zeloso de seu papel de ‘cabeça do casal’. Intenção esta por muito tempo sublimada – não sem uma postura de altivez e pretensa superioridade – mediante um jargão de aforismos de senso comum feminista do tipo: “Isso é coisa dos homens”! Ou, “Ou todo homem é cachorro”! Eu mesmo cheguei a presenciar ‘moça de fino trato’ a proferir tais vitupérios.

Então, me vem à mente a máxima de um grande pensador que diz que “o senhor da razão é o tempo e não a autoridade”. Ora vejam que, ao correr da inexorável linha existencial da história, o que acontece? Qual é o resultado dessas “pendengas” nos dias atuais? Pois sim – ou não, como diria o Caetano (o Veloso) –; o que se assiste nos palcos da vida feminina e feminista e, a que ponto chegou-se? Ora – e bota reza nisso –, são as “mulheres melancia”, “samambaia”, “melão”, “bom-bom”, “moranguinho” e outras ‘hotifrutificadas’ digeríveis em diminutas indumentárias. A explicitarem de modo impactante – com ou sem fundo musical – os seus monumentais posteriores em acintosas poses e coreografias, para que se lhes enxerguem, as amígdalas, provavelmente.

Enquanto isso a manada, digo, “a galera” - composta em sua maioria por mulheres - pouco chegada a reflexões , tangida pelos batuques e ensandecida pelo frenético ritmo – desde a “fila do gargarejo” até a portaria – responde ao apelo das protagonistas, em um só coro, como é de praxe: “Uh! Uh! Uh! Só as cachorras! As preparadas! As 'popozudas'!”. É assim; parece que a ala feminina ‘monetarizou-se’ de vez... Na base do: “meu ‘reino’ por cinco minutos de fama... E, essa coisa toda aponta para o que se pode entender como processo massivo de cooptação geral, encetada pelo ‘espírito de competição’ que as conduz cegamente a um, digamos, ‘darwinismo sexista’ predatório da figura bíblica do varão.

Mas, será que nessa rotina de modismos sem autocrítica e ao cederem ao fascínio da dita ‘carreira’ compatível ao consumismo, não estariam abdicando de sua prerrogativa de zeladoras da família e da paz no lar? Não seria isto um engano a alimentar a tragédia –; de filhos deixados à morte esquecidos dentro do próprio carro? O sucesso parece servir-lhes de anestésico e embotamento do outrora decantado bom senso feminino. Essa banalização, exibicionismo apelativo, agressivo e revanchista, resulta em um nivelamento por baixo e negação do que a mulher zelava como virtudes. Prevalece o eufemismo cínico do “ficar”, em nome de uma suposta liberdade -; e, cenário de ausência de limites e confusão social de papéis. Faz sentido que tudo isso seja um gritante alerta de iminente implosão da civilização e da (des)humanidade como a conhecemos.

Para os mais sensíveis e atentos perceptível é - desde que o mundo é mundo e gente é gente - que, o ápice da estética corporal feminina coincide com o apogeu de seu período de vida reprodutiva. E, que é elementar que por trás de sua reconhecida compulsão pelo exibicionismo existem heranças atávicas e instintivas que em boa medida burlam a consciência em prol do bom êxito do projeto natural de continuismo do ser e de continuidade da espécie. Assim, embutiria no que travestida de liberdade objetiva não passaria, na verdade, de um eufemismo biológico que se vale de uma psêudo ingenuidade -; aspecto este,vale lembrar, muito bem aproveitado comercialmente pelo apetite voraz da economia de mercado, é óbvio. Até porque já dizia o meu saudoso pai: "Se a polícia deixa a mulher anda nua na rua!". Pelo visto falta pouco.

Repito: não seria o “ficar” em nome de uma suposta liberdade a moldura depreciante em um quadro de confusão existencial? Não seria tudo isso falta de rumo e extertores de um exaurido modelo de sociedade? Há nisso tudo uma histórica 'reação em cadeia' em detrimento da própria humanidade. Senão, por que a globalização, a universalização do saber, o avanço da ciência, a sofisticação da tecnologia, a rapidez de comunicação, a multiplicação das profissões não reduz a criminalidade em sua perversa e cada vez mais diversificada tipificação? E, não adiantam desculpas, porque a “galera” só amansa quando está no "fundo do poço". E, nesse contexto os mega-templos das “igrejas de resultados” estão aí para isso mesmo; oportunistas e 'convenientes' ao suprirem a inépcia estatal. Para remediar - faturando alto - o mal dos escândalos e as recorrências da negligência dos poderes (des)governamentais para com a responsabilidade social.

Vale repensar porque a mulher toma como elogio ser chamada de “avião”, de “máquina”; e, como tal, se compraz em ser diferenciadamente “poderosa”. Nada mais enganoso e dissoluto porque, quanto mais negligenciam esposarem valores morais e éticos para a educação doméstica de seus filhos. Quanto mais abandonam o padrão ético do “velho” homem de bem – do tzadik (aquele que busca sinceramente parecer justo aos olhos do Eterno) – mais perde a mulher a sua consagrada virtude de repositório moral da sociedade. Aquele precioso relicário espiritual feminino vai sumindo ao apertar de um botão, triturado nessa 'centrífuga social' ou 'extrator de suco materialista'. Quando, de "fruta" a suco é um passo para se tornar o rejeito, o bagaço.


*(Guershon Ben Levi, nome hebraico recebido em Tevilah na CINA, conforme a tradição)


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