Saudação

Olá! Este é um espaço de escrita criativa com um toque de humor, e expressão da minha vontade de me aproximar do poder revelador das palavras. Testemunho do meu envolvimento com a palavra com arte, e um jeito de dar vida à cultura que armazeno. Esta página é acessível (no modelo básico) também por dispositivo móvel. Esteja à vontade.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Amor em branco e vinho



Por George W de B Cavalcanti*
(título alterado em 09.12.2012 às 12:26)


Pousava sua delicada mão em minha mão
como a insinuar sua fusão com o meu corpo.
No alvor do seu carinhoso e perfumado abraço.

E, com a fineza e brilho da mais pura porcelana,
de repente ali reunidos em diálogo, dançar à corte.
Como dois amantes imemorialmente predestinados.

Eu garantia o som aspergindo pelo salão a música,
enquanto mergulhávamos fundo no desejo cristalino.
Corações em sintonia a pulsar em cadência sincrônica;
suficiente para garantir noite especial a coroar nosso dia.

Prosseguir sem explicação o futuro na atração que se inicia,
contida e discreta, em a sua roupa cor vinho sobre o algodão.
A entregar-se intensa e pura, para mim que era todo absolvição;
o nosso mútuo encaixar de dedos, vida a cruzar linhas de mãos.

As palmas pequenas suadas, e a pergunta se aquilo seria normal;
sentir diante de um outro ser, ainda desconhecido, tamanha alegria.
Eu, no compasso da dança mais amava cada tropeço de seus passos.

Comovido e solícito acudi-a de pronto e qual bom samaritano
socorri, quando disse-me de sua frágil saúde: alergia e vertigem.
Meu impulso na troca da compaixão por paixão foi o ledo engano.

Havia falsa fragilidade e poder no limiar entre o são e o doentio,
porque aqueles grandes olhos negros me fitaram inapelavelmente.
E gloriosamente alheios ao arroubo juvenil dos demais em derredor;
todos com ohormônios em flor e a mimetizar em amor disfarçado cio.

O vinil na vitrola regava o desejo a gotejar, e cada musical lufada     
soprava sob cinzas a brasa, mora; e ambos ainda distantes dos trinta.
Com meu olhar, coração e mente grudados naquela cabeleira dourada,
dancei coladinho e nem reclamei do caracterísco capilar cheiro de tinta.

Fui beduíno no deserto a ver miragem, e náufrago a mirar horizonte;
acreditei sim, haver um grande e belo oásis bem depois daquela duna.
Em nosso lúbrico parque de diversão degustamos todo erótico banquete.

Quanto segredo foi dito e promessa não feita naquele amor pretendido
ao final da festa e na noite alta; e em nosso coração todo sonho anotado.
Desvelar leitosa musa feliz na cama, pela nossa parceria franca e atrevida.

Antes porém, beijos na face no jardim da bela casa, e muitos telefonemas,
ansiedade e todo carinho pela maioridade quase virgem e em plena euforia.
Escapadas, fim e inicio de sessão, algo para contar antes de fugir do cinema;
em volúpia centímetro por centímetro aquela que, milimetricamente beijaria,

Incontáveis momentos em que parecia não existir a menor noção de tempo,
apenas mergulhos profundos a dois; desejo, prazer e alegria regada a fluidos.
Prestigiar dede a intenção oculta e gratificante à surpresa da libido em iguaria;
naquele inicio de longa caminhada que por tortuosa e solitária senda me levaria.

Mas, valeu o tamanho enlevo, e por ser muito mais que isto, continua valendo;
aquela dança prosseguiu em boa semeadura a garantir futuro ao sonho maturado.
Grata lembrança de certa festa de aniversário a preservar uma boa página da vida. 



  
(Ilustrações - fonte: Google Imagens)

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Chove no molhe


Por George W de B Cavalcanti*


Por que olhar-me assim
como a entreabrir uma porta
e fazer-me tantas perguntas,
com teu olhar sem respostas?

Firmas essa tua intenção
no punho a apoiar o queixo
e atiças minha emoção e desejo,
admiro-te, comovo-me e te absorvo;
perambulo em meu eu e não te deixo.

Há uma estrela a brilhar em teu pulso
e quase revelo todo desejo, incontido
diante dessas promessas do teu corpo;
a depender apenas da alça do vestido.

Talvez a tua mão bata em minha porta
e os teus cabelos a desafiar o imaginário
consolide em meu viver um novo cenário,
com seu perfume a tornar real o meu sonho;
desafiar colocar, ao menos, cores primárias
na paleta e no pincel, colorir meu cotidiano.

Não me olhes com a implorar
que te resgate logo desse abismo,
dessa tua solidão quando sem panos
e no apelo de teus entreabertos lábios;
as lembrança que ora povoam a tua cama,
salvas de naufrágio, na ilha do teu travesseiro.

Piedade, não me fite tanto tempo assim,
poças de promessas são os teus olhos negros,
pois te farei vivenciar de novo a tua antiga sina
de tentar segurar ao vento o fugidio guarda-chuva;
e já molhada desnudar-se pouco a pouco para mim,
como uma aparição a caminhar sem rumo na campina.

Essa tua luta é pura angústia em branco e preto,
e de mãos postas somes até quedar-se lânguida
com os teus entreabertos lábios, como um vício;
quero olhar-te a descansar tuas pernas na parede.

Como a dormir no mais completo relaxamento,
para que tua beleza ao banho lave o meu vitral,
e as tuas pernas cruzadas me pareçam imensas,
face a tua real pequenez atrás da diáfana cortina.

Às vezes és menina, honrando com a tua beleza
as ondas de um mar calmo e a brincar na areia,
e de outra feita as curvas do teu corpo, eu penso,
são a moldura de dunas que o meu mar permeia;
e quando te voltas para o horizonte tão molhada
toma forma a  intimação reprodutiva da natureza,
ou, vestida de todo, na espuma parece uma sereia.

Então, por que teimar em nunca vir a mim,
continuar a olhar-me como através de janelas
e a usar a tua distância como vestido de baile
enquanto o teu embarcadouro se desmonta,
a expor do molhe estrutura desalentadora;
que vista por dentro parece ser telescópica,
com sucessão de formas a avançar na areia.

Há um lugar qualquer a embarcar a solidão
em promissora nau que é a boa companhia,
e não contentar-se mais com o mesmo tom;
ainda que se escute o som de um acordeom
a derramar cores românticas de sua melodia.

Para ela eu crio verso como lampada acesa, 
em diversos níveis e a ocupar todo o espaço
para que venha, então, como linda borboleta
que adeja por calor em cada degráu do vento;
enfim, beijar-me a luz e pousar à minha mesa.



(Ilustrações - fonte: Google Imagens)

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

A viagem do mais



Por George W de B Cavalacanti*


Aonde eu vou levo indelével comigo
a minha coletânea de ascendências,
as parcerias do meu mundo interior;
personagens da minha anônima vida,
e outros tantos vultos da história.

Aonde eu vou eu tenho o tanto
que comigo  carrego na memória;
meu farnel de valores e de conceitos,
e também alguns momentos de glória.

Aonde eu vou levo outras heranças
de sonhos, desejos, ideias e afetos;
o plasma primal de toda esperança.

Aonde eu vou eu levo comigo
tipo inesquecível se bem reparado,
umas boas lembranças para o futuro,
o que a minha alma coou do cotidiano;
e o que em mim decantou o passado.

Deixo evanescente rastro no espaço
e memória a esvanecer a seu tempo,
levo, quiçá, nomes da minha descendência
e alguma lágrimas sinceras junto ao peito;
um pequeno jardim regado com virtudes
e também velhos brinquedos com defeito:
rusgas da lida, rugas da maquilada vida
e seus retoques a provocar gargalhadas.

Sigo pensando na eternidade sem lembranças
e se as almas salvas serão vazias de saudades.

O que importa levar, mais que a vida que se leva,
é a grande importância do exemplo que se deixa;
e, enfim, um sorriso de paz, mais que as queixas.




(Imagens - fonte: Google Imagens)

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