Por George W de B Cavalcanti*
Temos a nossa mente permeada pela história e pela sociologia, e um olho no presente e outro no futuro. Portanto, entendemos o grande conterrâneo Gilberto Freyre quando diz que, "continuamos com complexo de escravo porque deixamos a responsabilidade, o compromisso e a pontualidade por conta do patrão" (entenda-se o senhor e dono de escravo). Certamente como um implícito alerta para aperfeiçoamento de conduta e explícita sugestão de autocritica, para o bem de todo o povo brasileiro.
Mas, lá se vão quase um século desde o enunciado sociológico do grande mestre pernambucano e pouco ou nada mudou em se tratando do que arriscamos chamar de: nossos cacoetes (tiques nervosos) culturais. E, o que é pior, são retrocessos recorrentes e renitentes a atrazar a nossa marcha no rumo do progresso; porque não expurgados dos nossos costumes e tradições.
Esses tais cacoetes culturais, entre os quais a 'malandragem' e 'jeitinho brasileiro', continuam a ser romantizados por intelectualóides bobos e 'ideólogos de botequim' - que infestam a o que, também, chamamos de 'ala do esquerdismo profissional'; a desfilar alegorias ufanistas, conchavos polítiqueiros e 'cabides de emprego'.
Sim, porque essa turma em sua grande maioria venceu pelo cansaço e não pelo preparo e experiência administrativa. Visto que, fizeram da militância e ativismo político e sindical a sua profissão ao longo dos anos da história recente deste país. E, em sua maioria, não empreenderam e nem empresariaram a nada que, desse um emprego sequer a um pai ou mãe de família.
Não adquiriram preparo no universo do empreendedorismo, das relações comerciais e mercadológicas; nem administrando 'carrinho de pipocas'. Contudo, aprenderam e muito bem a 'ganhar no grito', a 'botar queixão' e, especialmente a basofiar: ..."Nunca antes na história deste país"... Enquanto a corrupção ampla e geral se multiplicava.
Chegaram os novos tempos: internet, globalização, queda do comunismo soviético, democratização massiva e a "capitalismização" dos chineses continentais. E, enfim, 'a hora da onça beber água' no "rio que passou em minha vida"... De conferir se, realmente, houve alguma inovação ou ganho na gestão da coisa pública brasileira.
Conferindo percebemos que, essa turma que está aí já há mais de oito anos no poder - associando a nossa diplomacia aos mais hediondos regimes ditatoriais de todos os matizes -; como se diz por aqui e 'nordestinamente': parece que "botaram a rodilha na cabeça sem poder carregar o pote". Vide, projetos nebulosos e opacidade nas ações.
Resultou que, não obstante o favor do Plano Real herdado do projeto neo-liberal e o bafejar da sorte no contexto econômico internacional de então, os pífios resultados gerenciais públicos persistem. Notadamente os indicadores sociais negativos - para um país que pleiteia um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU - e o colapso da infraestrutura e da logística pública.
Parecem que "ouviam o galo cantar mas não sabiam onde'... As demandas estão aí, emolduradas por uma 'Copa do Mundo' em 2014 e 'Olimpíadas' em 2016; e, a situação é notoriamente aflitiva no atendimento das respectivas expectitativas. Assim, acontece que a ficha - fundida e difundida no primeiro mundo - enfim começa a cair para nós brasileiros.
Esclarecendo a epígrafe: "avacanação" é a junção de nação com 'avacalhação'. E, "são tantas emoções" e quinquilharias eletrônicas fabricadas na China - e oito milhões de crianças brasileiras abandonadas. Enquanto outras tantas, recém nascidas, são largadas em calçada, córrego, caçamba de lixo e sanitário de hospital.
Enfim, em nosso humilde ponto de vista todo mal é desnecessário e não há necessidade que o bem imprescindível não resolva.
Com a palavra a dita "nova classe média"... Se é que a tal realmente existe; ou, consegue ser propositiva.