Por George W B Cavalcanti
Estou me dando esse tempo,
Sem sequer conseguir parar,
Um minuto sequer, o querer;
O baú de horas que destampo.
Estou eletricamente, lento,
Atento ao escoar das horas,
Amolecidas no pensamento;
Nem sei se é fase ou destino.
Estou exótico e, por dentro,
Inquietude que amadurece,
Contando a tijolos de muros;
Do que quer deter fé e prece.
Estou célere contemplativo,
Desfiando tempo recorrente,
Na estratégia vivo intuitivo;
No sigilo ágil de uma mente.
Estou fitando a tanta gente,
O seu compasso a malograr,
Aceitando apenas o inerente;
Sombra e assombro a chegar.
Estou mordaz, até insolente,
No mural sutil e automático,
Que assim revela displicente;
A cena e o seu revés estático.
Estou autômato e incontido,
Embora leia tanta indiferença,
Desse processo já premeditado;
Trôpego, omisso, até irrefletido.
Estou a rir do que me restou,
Sou o satírico, mas não cínico,
Na hora que sobre si se dobrou;
A ouví gritar: chamem o síndico!
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