Saudação

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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Lua de vinho


Por George W de B Cavalcanti*


Amargor de solidão antiga se transforma em dor,
que nas demandas e afazeres às vezes se acalma,
mas na indiferença social do contexto é a erosão,
que carcome solidez granítica do denso intelecto;
insidiosa, a infiltrar-se em qualquer ínfima fenda,
prossegue no âmago, e cria grande vazio na alma.

Com sutil clamor de olhar a gemer no semblante,
espelho no qual tanta gente evita ver na verdade,
quando ilusório é fingir e fugir de ver face a face,
e tantos cavilam fantoche de alegria cambaleante;
ao invés de se dar chance e poder amar a alguem,
em fervor sob aparência de compulsivo relutante.

Diferente autocomiseração é a obsequiosa inveja,
que se tem de casais em idílio de mútua pertença,
é o querer buscar porta a fora a peregrinar na rua,
enquanto o tempo é busca mais os cabelos alveja,
e a realidade despe-se o concreto e se mosra nua;
num banco qualquer  ver a bruma pratear o vinho,
e levar versos à musa até que o sol esconda a lua.

Lua da espera, a banhar de púrpura àquele banco,
espaço qualquer onde passar o tempo e o espanto,
e, nutrir aquele ministério do livro, povo e templo,
congregação distante do fiel quase em desencanto,
faz o satélite se embeber no vinho que contempla;
poderia ser aquele que recebe sereno como manto,
vida e luta que levo, contudo o coração não tranco.


  (Ilustrações - fonte: Google Imagens)

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