As 594 vassouras - uma para cada parlamentar - simbolizam grito
contra a corrupção no jardim da Esplanada dos Ministérios.
Por George W de B Cavalcanti*
A nossa presidente (/a?), discursou
na ONU, que legal! Saiu-se até muito bem, não fora a teimosia em alinhar-se demagogicamente quanto à política exterior - e, nenhuma palavra sobre mulheres
(como a saudita de Jeddah, Shaima Jastaina,
30) condenada pelos "companheiros das arábias" a levar dez chibatadas
por desafiar a proibição do reino contra a direção
feminina. Sendo que, a nossa mandatária no âmbito doméstico, alguns dias antes
havia comandado pessoalmente ações
políticas no sentido de barrar a realização de uma "CPI da Corrupção" para investigar a
fundo irregularidades - que não param de recrudescer - no Ministério dos
Transportes.
Vale salientar que, em matéria de faxina
doméstica o povo sabe muito bem a sua importância fundamental e que é uma
questão de educação sanitária; politicamente,
imprescindível ao país. E, que eu
lembre-me, o primeiro mandatário geral do nosso país, a propor a vassoura como
símbolo e ênfase de governo foi
ex-presidente - de simplória memória - Jânio da Silva Quadros. Eleito porque o povo,
a grande massa, o verdadeiro cidadão, a consciência lúcida nacional; queria -
como agora clama - faxina política na administração pública.
Evidente que, o cidadão comum brasileiro em sua luta cotidiana pela dignidade e cidadania parece
alcançar muito mais lucidez quanto aos rumos do país do que os abastados
quadros da política partidária. Estas últimas, pessoas às vezes antes sensatas
e comprometidas com as prioridades coletivas
e que, ao sentar em uma cadeira do parlamento brasileiro se transformam ou se
transtornam. Como naqueles macaquinhos da ilustração da omissão; ficam cegos,
surdos e mudos diante do descalabro e do saque aos cofres públicos.
No passado Jânio - digo o povo -,
ganhou a eleição, mas, não levou o
mandato porque - no dizer do próprio - "forças ocultas" o
'renunciaram'; e, pior, o golpearam. Resultou em uma ditadura militar - com o
meu respeito à caserna -, com todos os característicos
vícios e mazelas que retardam o amadurecimento democrático de uma nação. Até
porque ante a república e a democracia qualquer regime de exceção é perfeitamente evitável quando, com
seriedade, é tratada na raiz do problema; o mal de base: a corrupção.
Esse mal é historicamente personificado
e coletivizado; e, leva o indivíduo
e/ou corporações ao paroxismo do cinismo e da inconsequência - seja pela via partidária,
sindical ou de organização não governamental.
Mas, em condição aguda, invariavelmente desemboca na formação de quadrilha ou
bando de "colarinho branco" que, com toda maldade retira e toma de
alguém alguma coisa. E, em política
isto se chama injustiça social, má distribuição de renda e descumprimento dos
deveres do Estado.
A contaminação é fácil e assume característica endêmica em países cuja educação formal "engatinha" e o domínio do
conhecimento - em quantidade e qualidade - é um privilégio de uma elite
apaniguada. E, por aqui ainda tem gente que imagina poder conviver com essa
praga moral à base do tal "jeitinho brasileiro". Mas, que
"jeitinho" que nada, aí estão os diversos setores estatais sucateados, a fraude nos programas sociais,
na conservação do meio-ambiente, na infraestrutura
e logística nacional.
Porque justiça social - não somente distribuição de renda - é diretamente proporcional
ao aperfeiçoamento da administração do
país na gestão da coisa pública; aplicação de perícia, competência, eficiência e eficácia. É o priorizar
continuamente o planejamento no
atendimento às futuras demandas do país, na busca constante de elevar a qualidade de vida democraticamente. E, sobretudo, deve impedir o morticínio de populares ora dizimados pela bandidagem; cujo braço livre e audaz vitimiza fácil até à ilibada magistratura.
Em sã consciência não se ousa achar que esta condição ou processo é coisa da
latinidade, que faria parte do nosso folclore; em nossa visão romântica,
determinista, fatalista e conformista. Até porque a
indignação cívica, que se encontrava em estado de letargia desde o governo
Lula, dá sinais de vida - e leva milhares de brasileiros às ruas para protestar
contra a corrupção. Quando, após os avanços que emanaram dos governos
Itamar Franco e de Fernando Henrique Cardoso, temos a certeza de que, por aqui, nós podemos.
Mas, falta mais; aliás, falta muito mais. Falta agregar e mobilizar
continuamente - independentemente do time de cada um - as torcidas organizadas neste mutirão moral e ético. Pelo ajustamento de
conduta nacional amplo geral e irrestrito;
pelo bem do povo e pela felicidade geral da nação. Há que se convocar os jovens
torcedores não para perseguir torcedor
de time adversário, mas, para cassar o voto dos corruptos que sabotam os
horizontes dos torcedores de todas as cores e credos.
Vamos plantar jardins de vassouras vede e amarela, para que a corrupção seja
varrida hoje e sempre, até desaparecer da face desta nação. E, haja consolidação
da responsabilidade social individual, partidária, organizacional e empresarial pela extinção da
impunidade -, quando firmaremos posição como povo verdadeiramente desenvolvido. Ou, continuar “de bobeira” em percurso sobre rombos e roubos, e
valas comum de impunidade - a nos retardar, senão impedir, manter o rumo ao bom
êxito.
Pessoalmente acredito que essa danação toda que infelicita
principalmente - e sempre - aos menos aquinhoados, seja mesmo uma patologia comportamental cujos estragos estão sempre à olhos vistas. Uma
doença espiritual [intelectual e / ou
mental, à escolha] do ser humano, cuja compulsão se caracteriza em buscar a sua própria
felicidade em detrimento do próximo - como se isto fosse compensador - em suas
causas primeiras e fins últimos.
Quando, a verdade irrefutável, axiomática,
é que: em essência e consequência,
a felicidade isoladamente não existe. Como já o versejou Vinícius
de Morais, o nosso querido poetinha,
"fundamental é mesmo o amor; é impossível ser feliz sozinho". E, na
vivência política como nos demais aspectos da vida não há que se envergonhar do
amor, e sim de o compreender em sua forma aplicável mais ampla e coletiva; mais retornável a cada um
e, portanto, a todos.
Refiro-me aqui ao amor ágape (em grego "αγάπη", transliterado para o latim "agape"), o qual, como o dom da vida, é independente e soberano. Então,
como negar a si e aos outros
algo tão
vital? Como se é capaz de imaginar
que ao promover o mal ou seja, tirar algo
do outro - porque é nisto que o mal se resume -, é possível
garantir uma sociceade civilizada e a felicidade de seus descendentes?
É por estas e outras
que urge banirmos essa corrupção que, em tudo incapacita
o nosso organismo social e nos adoece de morte -;
até mesmo a um "gigante pela
própria natureza".
(fotos ilustrativas - fonte: Google Imagens)