Saudação
Olá! Este é um espaço de escrita criativa com um toque de humor, e expressão da minha vontade de me aproximar do poder revelador das palavras. Testemunho do meu envolvimento com a palavra com arte, e um jeito de dar vida à cultura que armazeno. Esta página é acessível (no modelo básico) também por dispositivo móvel. Esteja à vontade.
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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Poema insone
Por George W de B Cavalcanti*
De uns tempos para cá
desatei a pensar poesia,
que me vem a toda hora
aos borbotões, noite e dia;
principalmente nas manhãs
ao alvorecer, quando insone.
Não são janelas ou fugas,
muito menos um propósito;
ou, em especial para alguém.
Sinto que as faço por mim,
para seguir suportando a lida;
como alento a me restabelecer
o equilíbrio entre luta e prazer.
O perambular nas lembranças,
poesia declamada no viver a dois,
no ritmo da respiração compartida;
que enfeixava todas as esperanças
naquele antes, durante, e depois.
Ó musa por demais arredia
e que em paz não me propicia,
não sabes o que é vagar na noite
com o coração a pulsar em versos
e ter o sangue aquecido em rimas.
E, na ausência do teu beijo carmim
ser o teórico da carícia e do afeto,
no devaneio que deixa-me assim;
à mercê em de erótica fantasia,
e a fugir de noturno espectro
em alcova de metade fria.
(Ilustrações - fonte: Google Imagens)
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
Impiedosa
Por George W de B Cavalcanti*
A minha solidão,
amante não cortejada,
não é vadia na rua.
Mas, é mulher da vida
que, diante de mim
cruza as pernas.
E, nada me mostra,
mesmo quando
nua.
(Ilustrações - fonte: Google Imagens)
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
Chão, chuva e melão
Por George W de B Cavalcanti*
(texto atualizado em 22/02/2012 as 19:48)
Rescendia cheiro de terra molhada,
sob uma ramagem no chão,
e prestei bem a atenção.
Ah! Era um pé de melão;
o meu pé de melão!
Do amarelo não,
do verde;
botando frutos.
Uma semente ao acaso
jogada, mas, não perdida
e aproveitada pelo chão;
justo no improvável,
junto do impossível.
Pequena faixa de terra,
inicialmente umedecida,
pela calha que recolhe
água que cai das telhas;
até o mês de agosto.
Surpresa quase incrível,
a lembrar o que nos é dado
pelo milagre da vegetação;
a desmentir em silêncio
a fertilidade improvável.
Na aridez do quintal de aterro,
entre cacos de tijolo e telha,
de sobras da minha velha casa,
e que chamamos de metralha;
a brotar, naquela parceria.
Melõezinhos rasteiros e viçosos;
redondos, lustrosos e limpinhos,
cresciam enquanto a chuva caía.
Bendita foi aquela chuva,
que regou a rama e rima;
amenizou o nosso clima
e me inspirou à poesia
no sopro de brisa leve,
quando sussurrou-me:
Vai, escreve!
(Ilustrações - fonte: Google Imagens)
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Beleza e sabedoria (reflexões - ed. 2)
Por George W de B Cavalcanti*
(título modificado em 05.07.2012)
Engenhocas e batráquios
Históra e erros
Abandono e extinção
Quarteto condicionante
Amor e realização
Deficiência e desleixo
Tortuga nossa
Analfafuncionais
Mistura e expectativa
Expressão legal
Cheiro de beleza
Sabedoria e sentimento
(título modificado em 05.07.2012)
Beleza e dignidade
A estética é como a crítica, é comum de gênero. Pois da mesma forma que existe a crítica destrutiva existe a estética da fome. Porque o ideal de beleza corresponde ao ideal de dignidade. ~ (em 05/12/2011)
Engenhocas e batráquios
Em pleno alvorecer do século XXI, com suas fascinantes engenhocas eletrônicas, o político brasileiro continua predominantemente igual a seus pares do século XIX; só visam o dinheiro e o lucro pessoal. Resulta que, o terreno político do Brasil permanece um 'charco', um pântano. Acontece que, quem se dá bem em pântano é réptil ou batráquio; humano não. ~ (em 06/12/2011)
Históra e erros
Os que não aprendem com a história vão cometer os mesmos erros repetidas vezes; e, pena que são a ampla maioria. ~ (em 09/12/2011)
Abandono e extinção
Quando abandona o outro e a natureza o ser humano abandona a vida, abandona a si mesmo e justifica a sua própria extinção. ~ (em 09/12/2011)
Quarteto condicionante
Fisiologicamente não somos mais que um saco ambulante de água, carbono, hormônios e excrementos. É esse quarteto que condiciona em maior ou menor grau, conforme a nossa idade, a maioria dos nossos comportamentos; e, tanto quanto vitais, as peças que nos pregam ao longo da nossa vida são inevitáveis. ~ (em 10/12/2011)
Amor e realização
Por mais que nos realizemos nos nossos demais aspectos existenciais, a vida sem um amor não faz sentido; o que torna o desamor pelo próximo um absoluto contrasenso. ~ (em 10/12/2011)
Deficiência e desleixo
Em uma sociedade relapsa e educacionalmente deficiente quem não sucumbe ao desleixo ético e à mediocridade está fadado ao isolamento e à solidão. ~ (em 13/12/2011)
Tortuga nossa
"Privataria, privatas do caribe"... (termos encontrados no livro-bomba Privataria Tucana; sucesso editorial do jornalista Amaury Ribeiro) coincidem com a metáfora por mim utilizada - anterior ao lançamento do livro do laureado jornalista - no meu artigo Nossa Torturante Tortuga. E, abordam, guardadas as devidas proporções, o mesmo "espírito da coisa" a requer urgente 'exorcismo' deste país. Em tempo, o livro não é "lixo",como disse o Sr. José Serra, e sim 'luxo' consumido pelos mais aquinhoados intelectual e financeiramente deste país de "analfafuncionais". A verdade é um remédio amargo, mas, cura! ~ (em 14/12/2011)
Analfafuncionais
Qual é o problema do Brasil? Ora, (e oração forte!...) o país "bregou"! É tomado e comandado pelos "analfafuncionais"; uma geração de iletrados que só acredita no direito da força [e da corrupção] e não na força do direito. E, qual a solução? Então, muito óbvia: mudar o povo brasileiro por meio de educação e conhecimento; lógico. ~ (em 16/12/2011)
Mistura e expectativa
Cada ser humano é, além de produto do meio, a mistura pessoal de suas próprias expectativas. ~ (em 17/12/2011)
Expressão legal
A imprensa livre e democrática não é de direita, muito menos de esquerda, é de estado de direito. ~ (em 17/12/2011)
Cheiro de beleza
Mulher bonita - beleza interior inclusa - é bonita até no cheiro. ~ (em 17/12/2011)
Sabedoria e sentimento
A sabedoria inclui o sentimento humano e quem não tem bons sentimentos não tem a verdadeira sabedoria. ~ (em 17/12/2011)
domingo, 12 de fevereiro de 2012
Ide anunciar
Por George W de B Cavalcanti*
Congregação dos justos,
que oraram lá no monte,
em nova aliança e graça;
purifica na água da fonte.
Núcleo da maior missão,
imemorial razão de viver,
muda tantos aos poucos;
e faz do remido multidão.
Poder do bem conseguir,
derrotar o lado nefando,
e vencer em cada incluir;
na luz e supremo mando.
Torna gente ao braseiro,
soma razão com emoção,
unção a curar o humano;
é dom de valor primeiro.
É história em recomeço,
em acalanto sempiterno,
a velar por seus arautos;
onde a fé balança berço.
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Bloco do entulho
Por George W de B Cavalcanti*
O que querem assim,
senão retraços de sonhos,
ao vestir fantasia de arlequim;
nesse festim repetitivo e bisonho.
Gastar toda sua energia,
no encenar obviamente inútil,
na consumição de etílica alegria;
há física e mental oferenda ao fútil.
População por si soterrada,
pelo cair da própria construção;
a desabar pela gestão descuidada.
Mero engano do que poderia,
de alimentos e mentes ser celeiro;
que a qualidade de vida defenderia.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Memória em figurinhas
Por George W de B Cavalcanti*
Embora eu não consiga ler o que, o quanto e o tanto que necessito e quero - e, motivos não me faltam -, já o fiz o suficiente para compreender que, na literatura como na vida, nem sempre o mundo lido é um mundo lindo.
A minha compulsão por escrever aumenta a cada dia. Talvez como fuga e logro do afã em equilibrar os dois pratos - luta e prazer - da sanidade mental e corporal; ou, uma forma de revide do eu. Do intelecto; face ao circunstancial isolamento social: um misto de imposição local - em seu assédio moral por discriminação passiva - e de recolhimento conveniente, por estratégia pessoal.
Ou, talvez, preponderantemente em decorrência de natural cronológico balanço existencial; inerente às mentes costumeiramente reflexivas. Pensar este que, no momento atende-me com lentidão e, até, parece-me já um tanto enfadado pela jornada; pesa-me a cabeça. Mas, a minha voz interior insiste em dizer-me ainda, como de outras vezes que: isso sempre passa.
Acontece os meus olhos me arderem pelo sono acumulado. Ora na vigília da solidão, ora pela insônia causada pela poluição sonora emitida por festejos mundanos no entorno; à guisa de tradição religiosa interiorana nordestina. Além do mais sou um homem maduro - embora com certeza ainda não defasado; e que, no âmbito domestico-familiar cuida de tudo administrar. Sem ter a quem delegar soluções ou quaisquer pertinentes providências.
Mesmo assim - à revelia de quem quer que seja que, deseje me ver desistir e sucumbir -, a minha mente nega-se terminantemente a capitular. E, o meu corpo, embora não incólume às inevitáveis somatizações, resiste garbosamente. Pelo que, o meu pensar agradece e o aplaude com as palmas do afeto e da ternura.
Na certeza de que a menção honrosa da vida acontece na beleza de uma rosa. Tanto quanto no solitário pardal que, pelo beiral da minha casa, se aproxima saltitante à procura de algum alimento. Meu pequenino coadjuvante por um momento em uma cena da minha vida. Recortada e colada no álbum de figurinhas da nossa memória.
(Imagens - fonte: Google Imagens)
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Jogo de ruínas
Por George W de B Cavalcanti*
O Edifício Liberdade na Avenida Treze de Maio, local onde três prédios desabaram no dia 25 de janeiro é mais um dos muitos emblemas das históricas tragédias deste país e que, neste sentido passam quase despercebidos para uma massa populacional desatenta quanto a essas simbologias. Vítimas que são da baixa média da própria superficial escolarização, quando não do fútil nível de interesse e desinformação. Nisto contando com importante parcela de culpa da chamada "grande mídia" que, enredada como sempre na preocupação de não perder as gordas contas publicitarias - principalmente as governamentais -, tem como política e prática notória jamais comentar a fundo esses dramas. Ou, abrir espaço para o debate filosófico e conceitual sobre as causas e consequências dessas recorrentes tragédias.
Interessante também é notar que as edificações que ruíram fragorosamente umas sobre as outras - como uma fileira de peças de dominó verticalmente dispostas - não estavam em um subúrbio qualquer. Ou em área de pobreza de algum rincão pouco acessível e obscuro; dos muitos quase que ainda imutavelmente existentes por este país afora. Mas, pelo contrário, eram situados no coração da capital do segundo estado da federação em importância econômica e política. E, mais, em seu centro cultural e, vizinhas do prédio deo mais tradicional teatro deste país; e, isto, também é muito simbólico. Evidenciando que, até mesmo na Cidade Maravilhosa, a "boca de cena" da tragédia predomina fora do seu Theatro Municipal e não dentro dele; pelo que, a metáfora torna-se inevitável.
A ópera bufa, desse pátrio costume de adotar o descaso e o desleixo como cultura, é encenada no palco de operações da nossa cidadania desde o princípio da nossa nacionalidade. E isso há muito está a merece um geral, rotundo e definitivo basta; até porque não há nenhuma graça em teatrais diálogo de surdos. Visto que, essa filosofia de progresso - ou melhor, a falta dela - nesse modo popular e rotineiro de inépcia na administração pública, a cada dia prejudica o país em maior escala. Até por força da densidade populacional e da dinâmica econômica, do barranco ao barroco o preço cada vez mais caro em dor e luto. São famílias emocionalmente destroçadas ou literalmente destruídas, e, isto, sem exceção de qualquer natureza; do professor ao catador de recicláveis, do zelador ao advogado. Todos alcançados pelo mesmo infortúnio.
Mata-se ao advogado, como o Nilson Assunção Ferreira, de 50 anos que foi enterrado no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, na Zona Portuária do Rio de Janeiro, por volta das 16h30 desta sexta-feira (27); e que trabalhava em um dos três prédios que desabaram no Centro da cidade do Cristo Redentor, na noite de quarta-feira (25). Assim como, mata-se ao Cornélio Ribeiro Lopes, de 73 anos, que trabalhava havia 20 anos como zelador do prédio de 20 andares que igualmente ruiu, e que foi enterrado por volta das 15h desta sexta-feira (27), no cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul; conforme amplamente divulgado pela mídia. Estes, alguns dos mártires de uma pouco inteligente escala de valores; que inclui o gerenciamento irresponsável e o patrimonialismo renitente.
Em mais essa tragédia - que tem com pano de fundo o famigerado e fatídico "jeitinho brasileiro" -, que nos perdoe as famílias enlutadas por citarmos a nomes e resumirmos a perfis de seus entes queridos; de perda irreparável. Porque, ao meu ver, em um acontecimento lastimável como este nunca é demais dar nome e sobrenome às respectivas vítimas. E entendo que, nessas transtornadoras ocasiões, seja de somenos importância arguir ou argumentar sobre as causas comezinhas de sempre. Há é que se conseguir maior efetividade na sensibilização dos corações e mentes dos que são pagos para fiscalizar as construções e reformas em edificações. Requeridas fator demográfico e pelo progresso; e, a depender do cumprimento das leis.
Também vale transcrever aqui o comentário de um amigo de uma das vítimas, em trecho de uma das muitas entrevistas avidamente colhidas e divulgadas pela grande imprensa - especialmente a televisada -; em seu explicito e despudorado desvario mórbido por audiência: "Era um homem que prestava serviço a todos. Era um cara que dedicava realmente aos irmãos, à família, ao pai e ao pessoal todo que está aí. Você vê que o enterro dele tem bastante gente por ele ser um cara bom. Foi uma perda muito grande e ele vai fazer uma falta enorme perante a gente. Um camarada novo, que estava sempre junto com todos, um homem de igreja, um homem temente a Deus”. Que pujante lamento por todas as classes de brasileiros, ali vitimadas!
Evidentemente que, considero ser de um grande cinismo esse uníssono na mídia a conjecturar "abobrinhas" sobre as prováveis causas estruturais e arquitetônicas do desastre. Não colocando em pauta o debate amplo e irrestrito sobre as omissões e irresponsabilidades assassinas que emolduram a cena. E, como se já não bastasse o dolo no sobrepeso fatal das inépcias implícitas e explícitas; quatro funcionários de uma concessionária prestadora de serviço furtaram pertences de vítimas dos desabamentos. Como se vê, não resta dúvida de que a contumácia do saque é endêmica, porque cultural; e este é o primordial ponto a ser abordado. E que, portanto, urge uma análise critica da tragédia em suas raízes históricas, sociológicas e educacionais.
Não sei se neste próximo tríduo momesco algum brasileiro, e especialmente os nossos compatriotas cariocas, terão coragem de cantar o refrão do samba-enredo consagrado em outros carnavais: "Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós; que a voz da liberdade seja sempre a nossa voz". Porque, a voz do Edifício Liberdade e dos dois prédios anexos ao mesmo, emerge desde no sangue das suas vítimas e no luto das famílias. E, clama por justiça e por um amplo ajustamento de conduta dos que são bem remunerados para as pertinentes fiscalizações; mas, que tragicamente não o fazem a contento. Quando, então: a polícia abre inquérito, o governador decreta luto oficial em memória dos mortos e a assessoria de imprensa informa que o município fará o mesmo...
Com o favor do Eterno, aqui estaremos vigilantes contra a "cultura" do relaxamento, do desleixo, do desmazelo e da omissão. E, sem sucumbirmos à tradição caduca e à contumácia desse vício nacional, que tanto prejuízo causa aos patrimônios público e privado em nosso país. Assim como nos posicionando sempre contra esse vicioso jogo azarado de ruína moral e material; qual tosco dominó comportamental. Que derruba suas pedras umas sobre as outras, e cujos perdedores, em sequência, terminam na condição de indefesas e pranteadas vítimas. Enfim, que o grito desde os Liberdade e anexos se faça ecoar decisivamente no recôndito das consciências para o devido e amplo ajuste de conduta em nossa história.
(Ilustrações - fonte: Google Imagens)
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