Por George W de B Cavalcanti*
Quero o acorde da revelação
pelo poder que renova a vida,
com a avidez de colibri tardio;
com a avidez de colibri tardio;
pairar no azul, e com emoção
sorver a saliva da flor preferida.
Sigo a leveza dessa harmonia
sobre o solo que me abastece
e, elevo meu clamor aos céus,
e, elevo meu clamor aos céus,
compositor de aquosa sinfonia;
quando seu concerto acontece.
Quero nadar nas claras retinas,
nesse lago de cristalina alegria,
aspirar os seus florais humores,
que a gotejar perfumam a vida;
ao compasso dos seus favores.
Sigo a esquecer os desenganos,
a palmilhar larga avenida de luz
nesse cetim que o luar estende
nesse cetim que o luar estende
sobre água de plácido oceano;
suave maré que poesia conduz.
Quero a leve e fugidia espuma,
a esférica gota no ar suspensa,
essa mínima réplica do planeta;
refúgio azul da vida que pensa
e que, melodia retira na bruma.
Sigo a percussão de tambores
e o solo de um violino dolente,
enquanto chora orvalho a folha;
e ganho na coroa de respingos
redenção de coração contente.
Quero escutar música imanente,
viva e presente no sonho antigo,
êxtases pela conjunção inerente
desse tanto com o todo já vivido;
redescobrir tal amor transcende.
Sigo e busco rosas nessa época
de timbre e inspiração impressa
na inerência da emoção poética;
todo vácuo se desfaz na música,
todo vácuo se desfaz na música,
na canção que a razão expressa.