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quarta-feira, 4 de abril de 2012

Por que chora o Brasil? A glória é de Deus, não é de homem



Por George W de B Cavalcanti*


Verso temático: Então os principais Koanim (sacerdotes) e os p'rushim (fariseus) convocaram uma reunião do Sanhedrim (Sinédrio) e disseram: "O que faremos? Esse homem está realizando muitos milagres. Se o deixarmos seguir caminho todos confiarão nele, e os romanos virão e destruirão o templo e a nação".
(Yochanan / João 11:47 e 48)

Gente chora 'desde que gente é gente', pelos mais diversos motivos; característica típica de nós humanos que, choramos de dor e tristeza, mas, de alegria e de prazer, também. Até os desumanos choram, em sua hipocrisia crônica ou no desespero do qual se imaginavam isentos. Outros alimentam - sabe-lá por que motivo bobo - preconceito contra a emoção, a comoção e o pranto; mesmo enquanto culturalmente latinos; emotivos, passionais e chorões, por herança cultural. O que, ao meu ver, é uma honesta e generosa herança. Até porque esse é o humano natural privilégio que, nos traz alivio na dor e nos põe um belo brilho quando estamos em estado de graça; em suprema felicidade.

Há algum tempo - ainda recente - tive alguns rápidos diálogos com um jovem líder congregacional de projeção, e, em ambas ocasiões, suas maneiras e palavras eram "reforçadas" por uma postura impressionante de impessoalidade e ausência de emotividade para com o interlocutor - no caso, eu -; por mais candente e lancinante que fosse a problemática então abordada. E, em determinado momento ele colocou esta "pérola": "não,  porque, nós aqui costumamos querer saber é se o cidadão tem ou não tem condições de..." (...resolver a questão de imediato). Sim, ele colocou a prioridade no 'ter' e não no 'ser'; do tipo: se não tem não é, não serve. E, que chocante foi para mim aquele diálogo.

Foi dessa forma: pragmático, objetivo, sintético, frio, seco e sem nenhuma empatia; o que inexoravelmente incluiu uma, digamos, engenharia reversa no meu universo emocional. E, eu humildemente cá do outro lado da linha, consciente desde os meus tenros anos da minha ascendência b'nei anussim (ספרדים), sefardi. E, também por isto pela graça do Eterno, um sincero na busca por teshuvah (retorno cultural, religioso e espiritual). Mesmo quando eu ainda não conhecia esta maravilhosa palavra hebraica em seu significativo poder transformador. E, confesso que estranhei que um nosso religioso estivesse, naquele momento, expressando-se de modo a lembrar-me costume de profissionais da política nacional.

Desde há muito sou consciente que, quando choramos ao seio materno já somos seres políticos; negociamos politicamente - mediante choro e esperneio no colo - com a nossa mãe um direito líquido e certo, que nos garante a sobrevivência - mas, esta, é a política boa. E, então, não é outra a reação natural materna no atendimento à preservação da vida senão o socorro maternal; emoldurado pela emoção e comoção que, em algumas ocasiões, mistura as lágrimas da genitora às da sua criança faminta. Impossível isentar-se de ternura, desde quando somos coerentes para com o que nos torna humanos na salvação: a emoção, a comoção e o pranto. Assim Yeshua (Jesus) chorou pelo amigo El'azar (Lázaro) antes de o ressuscitar.

A racionalidade é boa, óbvio, mas, sem o conteúdo afetivo que a faz transcender a si mesma o seu fator erudito é capaz de fazer a pessoa descambar para o pior traço de personalidade que pode ostentar: a presunção; que subjaz à toda maldade que possa cometer e acometer uma ou mais pessoas. Assim, só ao identificar a maldade - que enfeixa o egoísmo, a cobiça, a indiferença e a injustiça - é que, conseguimos entrever elementos de motivação para determinadas atitudes da conduta política. Seja ela no âmbito familiar, social ou de agremiação partidária, pelo que historicamente temos em nosso país, ainda, um renitente, diversificado e amplo painel de indiferença e frieza relacional; e, de injustiça social.

Essa mesma indiferença e injustiça coletivizada é o que faz tantos brasileiros e brasileiras chorarem nestes tempos de ideológicas sandices e de toscas patriotadas; e de um ufanismo descabido, tanto quanto hipócrita. Sim, porque neste exato momento milhões de brasileiros estão chorando em macas nos corredores de precários hospitais, em pífias filas de trasplante de órgãos ou em infindável espera pela casa prometida após a última enchente ribeirinha. Mas, vale ressaltar o volume cada dia maior de clamor e pranto do nosso povo junto às sepulturas de seus entes queridos. Vitimizados que são principalmente por assassinato por armas de fogo; estas, disseminadas entre a marginalidade e a população em geral.

Esse dantesco panorama está quase sempre associado à nossa tragédia endêmica de corrupção em todos os níveis de poder - e, quase sempre com ligações com a proliferação das drogas ilegais e ilícitas. O que era endêmico passou a epidêmico e já infesta e corrompe toda a nossa nação. Então, isso tudo já não é caso apenas de polícia, mas, de segurança nacional; mesmo. E, por isso nosso povo se exaspera e chora cada vez mais; pelo precário atendimento no serviço público - e, até mesmo no particular - de saúde, de (in)segurança e (des)assistência social. Mas, somos um povo de tendência pacífica e ordeira; excetuando-se as hordas, digo, torcidas organizadas e o crime idem.

Embora que, a fóssil política nacional  - em sua histórica contumácia de negligência para com a população mais carente - use as grandes reuniões de libertação e milagres do dito "evangelismo de resultado" como recurso escapista; este já se adensa a ponto de envergonhar até mesmo aos demagogos de plantão. E, portanto, fácil é se constatar esse importante movimento das massas populares; bastando para tanto ligar o receptor de TV em qualquer horário. Porque, exponencial e impactante é o número de desvalidos pelo serviço público e com dificuldades pessoais e sociais que, acorrem e recorrem à  fé e à religião como real solução para suas vidas; e, não mais, às ideologias e propostas político-partidárias.

Copiosos prantos de arrependimento, gratidão e júbilo escorrem democraticamente pela face da grande maioria dos presentes às gigantescas concentrações de fiéis; seja em enormes galpões adaptados ou em logradouros apinhados de um público atento e ordeiro. E, em todos os quadrantes do país há maciça audiência, tanto televisiva quanto radiofônica alcançando e beneficiando igual número de almas sequiosas. Quando, além da pregação da mensagem redentora e salvífica das Sagradas Escrituras, são surpreendentes, superlativas e inquestionáveis as evidências de verdadeiros milagres. Porque, na maioria dos casos as bênçãos e graças alcançadas são inquestionavelmente autênticas.

Portanto, o que é que o Evangelho está fazendo no Brasil? A resposta é clara e simples: restaurando vidas. E, não mais através do homem de origem humilde guindado equivocadamente à condição de paladino da ética e da moralidade. Ou, de ex-guerrilheira que se dispõe a combater a ideologia materialista com base em uma outra ideologia, igualmente materialista. A mesma cantinela que levou "o cara" e seus correligionários a, quando no poder, se associar aos que antes nauseadamente repudiava. Até chegar ao desvario pragmático de adotar a controvérsia escancarada na aliança com nefandos antigos adversários, hoje predominantes na tal "base aliada"; aliados de si mesmos, pelas evidências.

Enfim, o povo brasileiro está assumindo a decisão de reagir e de agir mediante à conversão e vivência na ética do Sinai explícita na Bíblia e que, sabiamente, propugna pela busca do conhecimento e do compromisso com o Eterno; como cotidiana e contínuada restauração individual e coletiva. Embora que, nesse alentador trajeto, "emanações glaciais" eventualmente condicionem corações de religiosos no trato com os seus congregados; o que, nesse ponto, me entristece sobremaneira. Porque, amamos e seguimos àquele que atendia com amor e afeição ao mais pobre necessitado e aflito; até mesmo por um leve toque em seu sagrado manto. E assim, com o Seu supremo exemplo nos mostra que, não há salvação sem emoção, comoção e solidariedade, também.


(Ilustrações - fonte: Google Imagens)

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