Por George W de B Cavalcanti*
És cidade de calçada longa
que vomita na praia asfalto
e, no mato, defeca cimento;
armado o concreto é assalto.
Aridez que se enche de tudo,
tentando desfazer o seu tédio
que embosca a cada esquina;
e, se esconde em cada prédio.
Visão dupla e soneto bêbado
lê-se nas duplicadas quadras
e em outro tanto de tercetos;
dizer o que ela sente e pensa.
No anonimato olhares falam
mesmo no rosto mais sisudo,
face a face ninguém é calado;
mundo feroz e ângulo obtuso.
Açoita a velha ninfeta, afoita
grita sozinha e de som povoa;
artificial, escondida na moita.
Nesse reduto, lerdeza maluca,
agora desfila sua pele tatuada;
a lamber desde o pelo da nuca.
Tudo que conta parece lorota,
mas a verdade planta semente;
é ponta de salto e bico de bota.
Vai lá entender, essa diferente
congregação, chique no brega;
digo até logo, e sigo em frente.
(Ilustrações - fonte: Google Imagens)
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