Saudação

Olá! Este é um espaço de escrita criativa com um toque de humor, e expressão da minha vontade de me aproximar do poder revelador das palavras. Testemunho do meu envolvimento com a palavra com arte, e um jeito de dar vida à cultura que armazeno. Esta página é acessível (no modelo básico) também por dispositivo móvel. Esteja à vontade.

domingo, 30 de dezembro de 2012

É hora do 'balanço de conduta'



Por George W de B Cavalcanti*


Oportunamente, por ocasião desta data da Era Comum (calendário cristão) é por demais proveitoso um balanço comportamental do ano que finda.

Então, que fique claro para os que, ainda, não atinaram para a contabilidade existencial que, a 'lei das partidas dobradas' (débito e crédito, contábil) não só existe para a conduta pessoal e coletiva como é própria e essencial a elas.

Assim, vamos todos nos empenhar mais, de agora em diante, em identificar e corrigir as culturas erradas renitentes do nosso país. Que, tamanha mortandade causam ao nosso povo; por atitudes de frouxidão e lassidão moral e ética.

Vamos fazer efetivamente desta nação um país realmente civilizado e respeitável. Sem isso, meus prezados amigos e amigas, as temporãs congratulações, as confraternizações, os bons votos e os favoráveis augúrios para o ano que se inicia caem no vazio; como uma pantomima patética e sem sentido.

Consciência, responsabilidade e cidadania; e, então, 2013 poderá ser edificantemente um Feliz Ano Novo para nosso povo - para todos. 

Democraticamente, Feliz 2013!



(Ilustrações - fonte: Google Imagens)

domingo, 23 de dezembro de 2012

Ela é única



Por George W de B Cavalcanti*


Ela é pequenina,
e sua pele reflete
toda a luz.

Enquanto o cabelo
lhe cai como um manto
de seda castanho.

Seu pensar intenso,
sincero, firme, diferente;
pela pureza de intenção.

Um palmo de rosto,
em torno do qual
o mundo gravita.

O brilho das ideias
na firmeza das palavras;
sua identidade.

Vista face a face
há honestidade de propósito;
a sua luz interior.

Mas, onde ler o seu nome?
Nas estrelas? Em Cassiopeia?
Rutilante graça distante.


(Ilustrações - fonte: Google Imagens)

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Carpintaria

(Autor desconhecido)
Org. George W de B Cavalcanti*


Contam que em uma carpintaria houve uma vez uma estranha assembleia. Foi uma reunião de ferramentas para tirar suas diferenças.

O martelo exerceu a presidência, entretanto ele foi notificado que teria que renunciar. Por quê? Fazia ruídos demais! E, também, porque passava o tempo golpeando. O martelo aceitou sua culpa, mas pediu que também fosse expulso o tornilho  (aquela ferramenta que se usa para furar madeira); disse que ele necessitava dar muitas voltas para que servisse para alguma coisa.

Ante o ataque, o tornilho aceitou também, mas na sua vez pediu a expulsão da lixa. Fez ver que era muito áspera em seu tratamento e sempre teria atritos com os demais. A lixa esteve de acordo, com a condição que também fosse expulso o metro, que sempre ficava medindo aos demais segundo a sua medida, como se fosse o único perfeito.

Nisso entrou o carpinteiro, e pôs o avental e iniciou o seu trabalho. Utilizou o martelo, a lixa, o metro e o tornilho. Finalmente, a grosseira madeira inicial se converteu em um lindo móvel. Quando a carpintaria ficou novamente só, a assembléia começou a deliberação. Foi então que tomou a palavra o serrote, e disse: Senhores, foi demonstrado que apesar de termos defeitos, o carpinteiro trabalha com nossas qualidades. Isto é, o que nos faz valiosos. Assim, nós não devemos pensar sobre os nossos pontos maus e nos concentrarmos na utilidade de nossos pontos bons.

A assembléia descobriu então, que o martelo era forte, o tornilho unia e dava força, a lixa era especial para afinar e limar asperezas, e observaram que o metro era preciso, exato. Sentiram-se então fortalezas, e por trabalharem juntos. Ocorre o mesmo com os seres humanos. Observe e o comprovará. Quando em uma empresa as pessoas buscam pequenos defeitos nos demais, a situação se transforma em tensa e negativa.

É com a mudança, ao tratar com sinceridade e perceber os pontos fortes dos demais, é quando florescem os melhores resultados dos seres humanos. É fácil encontrar defeitos; qualquer um pode fazê-lo. Entretanto, encontrar qualidades, isso só é para pessoas especiais que são capazes de inspirar todos os êxitos humanos.


 (Ilustrações - fonte: Google Imagens)

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A cilada que nos espera


Por George W de B Cavalcanti*


A realidade:
Os planos de previdência privada de saúde, também denominados popularmente e com um sentido de 'vulgo' [devido à posição "olímpica" dos mesmos nos índices nacionais de reclamação dos usuários] por 'planos de saúde'; em uma análise sintética apresentam, em nossa modesta percepção, as seguintes distorções:
 1. Nos últimos 10 (dez) anos, os ditos 'planos de saúde' aumentaram 35% (trinta e cinco por cento) acima da inflação;
 2. A diferença de preço entre a mensalidade para uma criança e a para um adulto acima de 60 (sessenta) anos é de 500% (quinhentos por cento), ou mais;
 3. A previsão é de que: nos próximos 30 (trinta) anos, a mensalidade dos 'planos de saúde' para esse mesmo adulto acima de 60 (sessenta) anos, aumentará - nesse ritmo - em 70% (setenta por cento). Evidentemente tornando-se inviável para a quase totalidade dos idosos conveniados já contribuintes.

A conclusão, óbvia:
 1. A política oficiosa e perversa é: sucatear o SUS para abrir mais espaço para os 'planos de saúde privados';
 2. Os tais 'planos' não são e nem nunca serão de amparo social e assistencial. E sim [aqui sem nenhuma conotação pejorativa e sob o ponto de vista estritamente econômico-mercadológico] de 'mercadores da saúde'. Na respectiva "lógica" de minimizar custos e aumentar lucros, face à concorrência;
 3. Sob os pontos de vista concorrencial e mercadológico as tais empresas, desde o início, optaram por ganhar mais com o abandono dos 'planos' [paulatinamente inviabilizados para o cliente]; depois de pagá-los alguns anos. Principalmente em se tratando idosos, com a 'rotatividade' dessa clientela;
 4. Não serão medidas imediatistas e demagógicas que salvarão o brasileiro, naturalmente mais longevo (e mais idoso) de padecer, à mercê do mercantilismo com a saúde e a vida; a tortura e extrema humilhação do aviltamento de sua dignidade. Justiça social é, retirar o carente e indefeso cidadão dos relegados, frios e funestos (e, geralmente fatais) corredores da indigência hospitalar deste país.

Esta é uma reflexão cidadã, e com ela faço a minha parte; sugiro que façam também a vossa. Que nos unamos e nos mobilizemos efetivamente pela dignidade e pela cidadania na saúde e na velhice em nosso país. Afinal de contas, ninguém quer adoecer ou morrer jovem, não é mesmo? E, a morte só tem "graça" em propaganda de cerveja [no Brasil]... Saúde!


[Fonte: Os dados, em números percentuais, foram obtidos da análise de comentaristas especializados da Rádio CBN Notícias, veiculados na programação da emissora em 04.12.2012]



(Fotos e ilustração - fonte: Google Imagens)

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Amor em branco e vinho



Por George W de B Cavalcanti*
(título alterado em 09.12.2012 às 12:26)


Pousava sua delicada mão em minha mão
como a insinuar sua fusão com o meu corpo.
No alvor do seu carinhoso e perfumado abraço.

E, com a fineza e brilho da mais pura porcelana,
de repente ali reunidos em diálogo, dançar à corte.
Como dois amantes imemorialmente predestinados.

Eu garantia o som aspergindo pelo salão a música,
enquanto mergulhávamos fundo no desejo cristalino.
Corações em sintonia a pulsar em cadência sincrônica;
suficiente para garantir noite especial a coroar nosso dia.

Prosseguir sem explicação o futuro na atração que se inicia,
contida e discreta, em a sua roupa cor vinho sobre o algodão.
A entregar-se intensa e pura, para mim que era todo absolvição;
o nosso mútuo encaixar de dedos, vida a cruzar linhas de mãos.

As palmas pequenas suadas, e a pergunta se aquilo seria normal;
sentir diante de um outro ser, ainda desconhecido, tamanha alegria.
Eu, no compasso da dança mais amava cada tropeço de seus passos.

Comovido e solícito acudi-a de pronto e qual bom samaritano
socorri, quando disse-me de sua frágil saúde: alergia e vertigem.
Meu impulso na troca da compaixão por paixão foi o ledo engano.

Havia falsa fragilidade e poder no limiar entre o são e o doentio,
porque aqueles grandes olhos negros me fitaram inapelavelmente.
E gloriosamente alheios ao arroubo juvenil dos demais em derredor;
todos com ohormônios em flor e a mimetizar em amor disfarçado cio.

O vinil na vitrola regava o desejo a gotejar, e cada musical lufada     
soprava sob cinzas a brasa, mora; e ambos ainda distantes dos trinta.
Com meu olhar, coração e mente grudados naquela cabeleira dourada,
dancei coladinho e nem reclamei do caracterísco capilar cheiro de tinta.

Fui beduíno no deserto a ver miragem, e náufrago a mirar horizonte;
acreditei sim, haver um grande e belo oásis bem depois daquela duna.
Em nosso lúbrico parque de diversão degustamos todo erótico banquete.

Quanto segredo foi dito e promessa não feita naquele amor pretendido
ao final da festa e na noite alta; e em nosso coração todo sonho anotado.
Desvelar leitosa musa feliz na cama, pela nossa parceria franca e atrevida.

Antes porém, beijos na face no jardim da bela casa, e muitos telefonemas,
ansiedade e todo carinho pela maioridade quase virgem e em plena euforia.
Escapadas, fim e inicio de sessão, algo para contar antes de fugir do cinema;
em volúpia centímetro por centímetro aquela que, milimetricamente beijaria,

Incontáveis momentos em que parecia não existir a menor noção de tempo,
apenas mergulhos profundos a dois; desejo, prazer e alegria regada a fluidos.
Prestigiar dede a intenção oculta e gratificante à surpresa da libido em iguaria;
naquele inicio de longa caminhada que por tortuosa e solitária senda me levaria.

Mas, valeu o tamanho enlevo, e por ser muito mais que isto, continua valendo;
aquela dança prosseguiu em boa semeadura a garantir futuro ao sonho maturado.
Grata lembrança de certa festa de aniversário a preservar uma boa página da vida. 



  
(Ilustrações - fonte: Google Imagens)

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Chove no molhe


Por George W de B Cavalcanti*


Por que olhar-me assim
como a entreabrir uma porta
e fazer-me tantas perguntas,
com teu olhar sem respostas?

Firmas essa tua intenção
no punho a apoiar o queixo
e atiças minha emoção e desejo,
admiro-te, comovo-me e te absorvo;
perambulo em meu eu e não te deixo.

Há uma estrela a brilhar em teu pulso
e quase revelo todo desejo, incontido
diante dessas promessas do teu corpo;
a depender apenas da alça do vestido.

Talvez a tua mão bata em minha porta
e os teus cabelos a desafiar o imaginário
consolide em meu viver um novo cenário,
com seu perfume a tornar real o meu sonho;
desafiar colocar, ao menos, cores primárias
na paleta e no pincel, colorir meu cotidiano.

Não me olhes com a implorar
que te resgate logo desse abismo,
dessa tua solidão quando sem panos
e no apelo de teus entreabertos lábios;
as lembrança que ora povoam a tua cama,
salvas de naufrágio, na ilha do teu travesseiro.

Piedade, não me fite tanto tempo assim,
poças de promessas são os teus olhos negros,
pois te farei vivenciar de novo a tua antiga sina
de tentar segurar ao vento o fugidio guarda-chuva;
e já molhada desnudar-se pouco a pouco para mim,
como uma aparição a caminhar sem rumo na campina.

Essa tua luta é pura angústia em branco e preto,
e de mãos postas somes até quedar-se lânguida
com os teus entreabertos lábios, como um vício;
quero olhar-te a descansar tuas pernas na parede.

Como a dormir no mais completo relaxamento,
para que tua beleza ao banho lave o meu vitral,
e as tuas pernas cruzadas me pareçam imensas,
face a tua real pequenez atrás da diáfana cortina.

Às vezes és menina, honrando com a tua beleza
as ondas de um mar calmo e a brincar na areia,
e de outra feita as curvas do teu corpo, eu penso,
são a moldura de dunas que o meu mar permeia;
e quando te voltas para o horizonte tão molhada
toma forma a  intimação reprodutiva da natureza,
ou, vestida de todo, na espuma parece uma sereia.

Então, por que teimar em nunca vir a mim,
continuar a olhar-me como através de janelas
e a usar a tua distância como vestido de baile
enquanto o teu embarcadouro se desmonta,
a expor do molhe estrutura desalentadora;
que vista por dentro parece ser telescópica,
com sucessão de formas a avançar na areia.

Há um lugar qualquer a embarcar a solidão
em promissora nau que é a boa companhia,
e não contentar-se mais com o mesmo tom;
ainda que se escute o som de um acordeom
a derramar cores românticas de sua melodia.

Para ela eu crio verso como lampada acesa, 
em diversos níveis e a ocupar todo o espaço
para que venha, então, como linda borboleta
que adeja por calor em cada degráu do vento;
enfim, beijar-me a luz e pousar à minha mesa.



(Ilustrações - fonte: Google Imagens)

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

A viagem do mais



Por George W de B Cavalacanti*


Aonde eu vou levo indelével comigo
a minha coletânea de ascendências,
as parcerias do meu mundo interior;
personagens da minha anônima vida,
e outros tantos vultos da história.

Aonde eu vou eu tenho o tanto
que comigo  carrego na memória;
meu farnel de valores e de conceitos,
e também alguns momentos de glória.

Aonde eu vou levo outras heranças
de sonhos, desejos, ideias e afetos;
o plasma primal de toda esperança.

Aonde eu vou eu levo comigo
tipo inesquecível se bem reparado,
umas boas lembranças para o futuro,
o que a minha alma coou do cotidiano;
e o que em mim decantou o passado.

Deixo evanescente rastro no espaço
e memória a esvanecer a seu tempo,
levo, quiçá, nomes da minha descendência
e alguma lágrimas sinceras junto ao peito;
um pequeno jardim regado com virtudes
e também velhos brinquedos com defeito:
rusgas da lida, rugas da maquilada vida
e seus retoques a provocar gargalhadas.

Sigo pensando na eternidade sem lembranças
e se as almas salvas serão vazias de saudades.

O que importa levar, mais que a vida que se leva,
é a grande importância do exemplo que se deixa;
e, enfim, um sorriso de paz, mais que as queixas.




(Imagens - fonte: Google Imagens)

domingo, 21 de outubro de 2012

Bordejurbe



 Por George W de B Cavalcanti*


És cidade de calçada longa
que vomita na praia asfalto
e, no mato, defeca cimento;
armado o concreto é assalto.  

Aridez que se enche de tudo,
tentando desfazer o seu tédio
que embosca a cada esquina;  
e, se esconde em cada prédio.

Visão dupla e soneto bêbado
lê-se nas duplicadas quadras
e em  outro tanto de tercetos;
dizer o que ela sente e pensa.

No anonimato olhares falam
mesmo no rosto mais sisudo,
face a face ninguém é calado;
mundo feroz e ângulo obtuso.

Açoita a velha ninfeta, afoita
grita sozinha e de som povoa;
artificial, escondida na moita.

Nesse reduto, lerdeza maluca,
agora desfila sua pele tatuada;
a lamber desde o pelo da nuca.    

Tudo que conta parece lorota,
mas a verdade planta semente;
é ponta de salto e bico de bota.

Vai lá entender, essa diferente
congregação, chique no brega;
digo até logo, e sigo em frente.




(Ilustrações - fonte: Google Imagens)

domingo, 14 de outubro de 2012

Mãe, voz e inspiração



Por George W de B Cavalcanti* 
(texto, corrigido em 15.10.2012 ás 08:33)



Amparada ela chegou bem perto de mim
com os seus passinhos firmes, mas, curtos,
a trazer-me a minha mais bela lição de vida;
pura emoção apoiada em bengala cor de rosa.

Minha mãe, anjo junto a quem tanto me dedico,
mas não consigo definir nessa hora sua tanta luz,
que há em sua gentil e aguerrida vontade de viver;
na rotina que tudo envolve em revelação e mistério.

Explícita angústia e esperança nessa chama que,
nos impulsiona, e consome nossos tão incertos dias,
em que carrego um oceano de emoção dentro do peito;
e a transbordar quando reza de mãos postas em seu leito.

Frágil e imensurável em seu vigor é minha mãezinha,
preciosa e única, é o pleno milagre da fragilidade altiva
na lucidez participativa, e bom ânimo de viver plena vida;
privilégio e bênção recebo em cuidar da minha mãe querida.

E, vivo essa doce rotina por entre os espigões da cidade,
a me desdobrar para tentar atender a tudo aqui, ali e acolá,
na esperança de que eu tenha também na velhice a dignidade;
de quem hoje eu conduzo mas antes me levou pela mão na lida.

Assim, não sei se estes meus versos ficaram tão bons ou precisos,
nessa busca pelo cuidar da ética do humano e compaixão pela vida,
com poesia livre e avessa à métrica, porque não sou alfaiate de rimas;
importa apenas ter papel e tinta, e a aquosa emoção como um rio vinda.

Perdoe-me minha mãe as vezes em que tranco-me em meu quarto,
para tentar esconder minhas recorrentes lágrimas, assim escorridas,
toda vez em que chegas curvada e lenta, a relevar tal peso do tempo;
e satisfeita relata procedimentos que garantem o bem estar em seu dia.

Há uma brisa parceira da tarde e que nos inspira com sua luz tardia,
benesse da glória e refrigério da alma do filho teu que não foge a luta,
e que sinceramente busca ao olhos do Eteno a graça e bênção do justo;
viver com honradez o amor, a fé e o bom combate, fonte da nossa alegria.





  

(Foto: Minha Mãe Caminhando - ilustrações: Google Imagens)

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Jardineiro pedagógico (reflexões, edição 12)



 Por George W de B Cavalcanti*

  • "Jardineiro do universo, eu sou" ~ Quanto ao amor ser a energia vital mais poderosa do mundo não há nenhuma dúvida quanto a isto. Fascinante é perceber pela vivência que, ao acolher e abraçar intimamente esta verdade, as pessoas tornam-se capazes de ensinar na prática o que é o amor. E, seria mesmo uma pena que essa humanidade não tivesse a chance de, assim, tornar-se jardineira do universo. (09/09/2012)  
  • Pela alta moral ~ O humilde de espírito e rico de caráter é aquele que não ofende pela sua superioridade. (12.09.2012) 
  • Apenas negócios ~ A relativização da ética leva invariavelmente à perda dos laços cívicos e familiares, em um mundo cada vez mais anônimo nos negócios e nas relações sociais. (13.09.2012) 
  • Lacrimosa verdade ~ As lágrimas são da mesma cor, não importa a cor de quem as chore; nisto elas são de uma verdade cristalina. (14.09.2012) 
  • Imensurável justiça ~ Quem buscar sinceramente parecer justo aos olhos do Eterno há que ter o coração do tamanho do mundo. (15.09.2012) 
  • Conflito custa caro ~ Historicamente o consumidor brasileiro é vilipendiado e escorraçado no pós-venda pelas empresas de produtos e serviços neste país. O que, evidentemente, ocorre sob o beneplácito dos poderes públicos para com o enorme prejuízo que isto causa à qualidade de vida do cidadão contribuinte e à nossa economia como um todo. Um perdulário conflito. (16.09.2012) 
  • Utopia fracassada ~ A república e a democracia fracassam no coronelismo e nas oligarquias a cada novas eleições - majoritárias e/ou proporcionais - levadas a efeito no Brasil. Falta cortar, pela raiz, a nossa recorrência do famigerado "coronelismo de touceira". (17.09.2012). 
  • Indústria do combate ao crime ~ Do jeito que a legislação penal brasileira - principalmente o código de execuções - dá regalias a vagabundo e a bandido só falta mesmo é eles exigirem escolta policial para suas ações criminosas. Consolida-se em toda a sociedade a sensação de que, combater de verdade o crime no Brasil não é bom para "os negócios". (18.09.2012) 
  • O destemor da arte ~ O pensador e escritor não deve se preocupar se os holofotes públicos lançam sobre si um olhar hostil e obsessivamente judicioso. Jamais, deve condenar-se a observar o mundo com a omissão dos medíocres e o silêncio dos covardes. (19.09.212) 
  • Desafiadora ansiedade ~ Existe ansiedades das quais nunca nos recuperamos; vem para ficar em nossa vida e são desafios permanentes ao nosso bem estar. (20.09.2012)  
  • Cultura de alienação e modismo ~ As evidências apontam que, a cada dia é mais utópico contar, na prática, com um legítimo interesse amoroso - seja lá de pessoas ou de instituições. E, pior ainda se o indivíduo tiver alguma tendência a ser pensador, poeta e/ou escritor. (21.09.2012) 
  • Desde que trocaram 'nós' por 'a gente' ~ Ampliou-se neste país o parvo entendimento de que a preeminência do intelecto é grave anomalia e fator de subversão, e seu cultor um perigoso insurgente. Ser feliz é não remar contra a maré da consagração da mediocridade; essa sim, considerada válida e inserida no contexto. (23.09.2012) 
  • Uns e outros ~ Por mais que avancem a teologia, a filosofia e a tecnologia, os clãs e as castas continuarão a existir - enquanto causa e efeito; o que os une também os separa. (30.09.2012) 
  • Insensata ignorância ~ Onde pontifica a ignorância - às vezes à revelia da economia -, leis sem poder para obrigar o seu cumprimento não funcionam. Porque o mal educado - às vezes à revelia da posição social - não confia na lei, confia na impunidade. (01.10. 2012) 
  • Brasilianice ~ Em matéria de transplante, piano piano capta-se órgãos. (03.10. 2012) 
  • Fique esperto ~ Você não pode dormir sem estar acordado. (02.10. 2012) 
  • Velhice vulnerável ~ Se o velho tem dinheiro, mas, não tem quem cuide dele, ele é vitima de violência. (03.10.2012) 
  • Amnésia política ~ O abandono à fragilização do idoso no Brasil só interessa a quem está praticando essa violência. (04.10.2012) 
  • Ao idoso com justiça ~ Deve ser criado um artigo no nosso Código Penal no qual o crime contra o idoso - de abandono ou de violência física e/ou emocional - seja considerado crime hediondo (05.10.2012) 
  • Indiscrição pedagógica ~ Quando um pedagogo carente diz: "Ajude-me já!", não é uma questão de cacófato ou de micção, é falta de dinheiro mesmo. (06.10.2012)



(Ilustrações - fonte: Google Imagens)

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Os dois 'horários Adams'


*Em espera para aparecer no próximo "Guia Eleitoral"

Por George W de B Cavalcanti*


Todo mundo tem o seu 'dia de fúria', tanto que até o mais santo dos homens teve o seu; segundo relatam os Evangelhos. E, eu, depois de tomar calmantes e devorar um pacote de biscoitos wafers acompanhado de grandes goles de um do mais famosos refrigerante-intoxicante internacional, criei "saco" o suficiente para escrever este texto. Uma vez que a minha atual rotina de vida deixa sua marca molhada por onde passa; o mais puro rastro de caracol.

Mas vamos ao que interessa. Ou melhor, ao que não interessa, tanto que nos vemos na obrigação de dar esse chute literário na esperança de que atinja outros sacos daqui e de alhures. Enquanto que, para ser politicamente correto e sem discriminação de gênero, também o disponibilizamos a atingir a úteros e ovários de quem de direito ou interessar possa. Quem sabe, ansiosas em experimentar o sentir da sensação de respectivo 'profundo impacto' do encaixar certeiro nos "países baixos" masculinos.

Mas 'o dado concreto é que', naquela espelunca onde anualmente uma horda de matutos ensandecidos derrubava o muro frontal em sofreguidão para assistir a 'Paixão de Cristo'; foi nela, espelunca, onde eu assisti as minha primeiras matinês de cinema. A tal abafada e desconfortável sala de projeção era antecedida por um grotesco pórtico onde lia-se o seu nada modesto nome: "Cine Fênix". Pelo que soubera, havia erguido-se das cinzas da falência algumas vezes, mas, nunca o assistira alçar tamanhas alturas que o colocasse em perigo de consumir-se ao calor do sol.

Contudo oferecia umas mordomias - pagas, evidentemente - que, por sua utilidade e importância em horário diante da grande tela, permanecem populares e imprescindíveis a qualquer ambiente de reprodução cinematográfica que se prese: a pipoca quentinha e o baleiro de chocolates e chicletes. Então, estes últimos eram os meus preferidos, porque além de muito mais baratos, eu adorava abrir a tampinha da pequena caixa rosa, branca e preta - cuidadosamente, e com a ponta da unha - só para ver aquele misterioso número impresso em uma das orelhas internas da embalagem. Nunca cheguei a saber o seu significado, mas pouco me importava; eu curtia aquilo com verdadeiro frisson.

Fazia aquela rústica porém saborosa pastilha, retangular e sem arestas, deslizar por toda a extensão do meu palato, para depois - ao ritmo do roteiro do filme - ir quebrando com os dentes a respectiva alva e crocante cobertura; como quem fragmenta aos poucos a louça de um recipiente com deliciosa essência. Depois de sincronizados os ritmos do enredo assistido e da minha mastigação, tudo era passado; a guloseima volatizava-se e o que restava era uma persistente e insípida massa de borracha a grudar-nos aos dentes. E sobre a qual se descarregava todo o encantamento, ou, o contrariado revide da decepção ao gritar em uníssono com a plateia: "úúú, quero o meu dinheiro"! Este foi o meu primeiro 'horário Adams'.

Muitos anos mais tarde criaram um tal de horário político-eleitoral obrigatório; o famigerado "Guia Eleitoral" - e, sua ligação com algum grau de cegueira foi imediata. Trabalharam a coisa para o nome de Horário Eleitoral, Horário Político - ou, coisa assim. Porque sempre evitei decorar seu título - a não ser quando, em meu íntimo, apresentou-se indefectível como 'horário Adams", também. E por que este epíteto a um tão singelo e patriótico sofisma da educação político-eleitoral? Ora, porque evidentemente o dito cujo é insalubre, tanto para a mídia quanto para o seu público radiouvinte e/ou telespectador; face às suas assombrosas personagens e seus disparates. O que piora a cada novo pleito político-eleitoral, com uma profusão cada vez maior de personagens enquadráveis nas classificações lombrosianas, para se dizer o mínimo.

Em uma observação mais acurada dessa pantomima eleitoreira midiática conclui-se que, está eivada de vícios e manhas para lograr sacar a 'carta da manga' que lhe garante tal grotesca encenação. Percebe-se o total despudor em pegar todo tipo de candidato - uns a laço e outros quiçá a dente de cachorro  - e registrá-los como tal para fins únicos da matemática do coeficiente. São tipos os mais anônimos e esquisitos e, até, hilários possíveis; chegando mesmo às raias da ficção e do inimaginável. Assombrados, assombrosos, cômicos, mas, pouco político, como a 'família do Frankestein' -, e a essa imbricação política denominei de: 'segundo horário Adams'. Ah uma caixinha do velho e bom chicles nesses momentos! Para aliviar a tensão, ao assistir a esse 'cinema mudo hi-tec', no qual os verdadeiros atores só são apresentados nas últimas cenas do 'filminho'; no encerramento da sessão. 


The End



*A partir da esquerda: o "Valério", no ombro do "cartola" "a mão" - de um "mensaleiro" (amputada pelo STF) -, e, ao centro, um típico remanescente dos "anões do orçamento"

(Ilustrações - fonte: Google Imagens)

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Marca d'água




Por George W de B Cavalcanti*


A poesia surpreende sempre,
faz do poeta um missionário
em tempo integral, perpétuo,
sem aviso prévio ou horário.

De janeiro a janeiro, lembro,
ser voluntariamente intimado
a dizer que há poesia, mesmo
no simples banho de chuveiro.

Ao entardecer, à hora mágica
e na casa da nossa intimidade;
rir das roupas deixadas de lado.

E, enfim, sob a ducha perceber
na tepidez líquida natural a fluir;
a sensual carícia no todo escorrer.



(Ilustrações - fonte: Google Imagens)

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Lua de vinho


Por George W de B Cavalcanti*


Amargor de solidão antiga se transforma em dor,
que nas demandas e afazeres às vezes se acalma,
mas na indiferença social do contexto é a erosão,
que carcome solidez granítica do denso intelecto;
insidiosa, a infiltrar-se em qualquer ínfima fenda,
prossegue no âmago, e cria grande vazio na alma.

Com sutil clamor de olhar a gemer no semblante,
espelho no qual tanta gente evita ver na verdade,
quando ilusório é fingir e fugir de ver face a face,
e tantos cavilam fantoche de alegria cambaleante;
ao invés de se dar chance e poder amar a alguem,
em fervor sob aparência de compulsivo relutante.

Diferente autocomiseração é a obsequiosa inveja,
que se tem de casais em idílio de mútua pertença,
é o querer buscar porta a fora a peregrinar na rua,
enquanto o tempo é busca mais os cabelos alveja,
e a realidade despe-se o concreto e se mosra nua;
num banco qualquer  ver a bruma pratear o vinho,
e levar versos à musa até que o sol esconda a lua.

Lua da espera, a banhar de púrpura àquele banco,
espaço qualquer onde passar o tempo e o espanto,
e, nutrir aquele ministério do livro, povo e templo,
congregação distante do fiel quase em desencanto,
faz o satélite se embeber no vinho que contempla;
poderia ser aquele que recebe sereno como manto,
vida e luta que levo, contudo o coração não tranco.


  (Ilustrações - fonte: Google Imagens)

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