Por George W B Cavalcanti
Quando eu era criança e cursava o antigo ‘curso primário’ no ‘Grupo Escolar Rocha Cavalcante’, tinha um menino na nossa turma que se sentava na banca à minha frente. Ele era bom na matemática e por isto se sentia o tal. Mas que, na hora de entoarmos o hino nacional – embora a professora o corrigisse sempre – ele teimava em errar e iniciava sempre assim: -“O vírus do Ipiranga às margens plácidas...”
Então eu, sendo criado em chão de drogaria como era, estranhava aquilo e pensava lá com ‘os meus botões’: será que esses personagens garbosos – da famosa pintura do Pedro Américo –, do nosso livro de história, beberam da água do riacho e foram contaminados por esse tal ‘vírus do Ipiranga’?...
Tempos depois, em meus primórdios de aspirante a poeta – diante dos desmandos e contumácias na cena nacional – e provocado por aquela versão, digamos,‘metafórico-escatológica’ do verso inicial do símbolo pátrio, foi que escrevi estas ‘estrofes-antígeno’ como se segue.
Ao indivíduo alienado,
Deprimido contumaz,
E pessimista inveterado.
Ao sovina perspicaz,
Bruto descontrolado,
E presunçoso mordaz.
Ao cego do olho clínico,
Loquaz inconveniente,
Que é obsessivo-cínico.
Ao insolente mal-amado,
Alma apenada e insana,
E, malfeitor dissimulado.
Ao sexualmente 'pirado',
Predador geral assumido,
E de espírito deteriorado.
Ao mentiroso-mutante,
Destruidor inveterado,
E truculento ignorante.
Ao que não sabe fazer,
Serra esteio e rói corda,
E vê no mal o seu lazer.
À alma sebosa insolente,
Boca-rota pela bobagem,
E abominável indecente.
A quem, por azar do acaso,
Transitar por estas plagas,
Com má intenção e atraso.
Vai ouvir gemer a ema,
No efeito bem provocado,
Pelos versos deste poema.
Com este preparo injetado,
Leva em si e ajuda o outro,
Prá também ficar sarado.
Vai ao grotão e tira a canga,
Colocada em tantas costas,
Por esse vírus do Ipiranga.
Os versinhos acima foram produzidos num lampejo de inspiração cívica e de posicionamento de cidadania no fulgor da minha juventude; é bem verdade. São, no entanto, uma vívida expressão do meu norteador precoce repúdio às condutas sem ética e a essas nódoas morais que, desde os primórdios da nacionalidade teimam em manchar a imagem desta nação. Até porque, desde então essas abomináveis práticas recrudescem pela via político-partidária nos períodos eleitorais; como um antigo cancro moral entranhado no organismo social deste país. E que, - ‘prá ontem’ – deve ser radicalmente extirpado por cada um de nós e por todos.
Em tempos de antanho – e ainda residualmente – no nordeste e, na atualidade, nas comunidades faveladas; sempre pelo abjetos recursos da intimidação, do uso da força e da chantagem coletiva os useiros e vezeiros do ‘voto de cabresto’ mostram as suas garras. Contudo, parece-nos que o nosso cidadão, mesmo tardiamente, está tomando consciência de que a má distribuição de renda, a falta de consciência de sustentabilidade de alguns setores privados e a omissão dos poderes públicos, constitui-se no perverso insumo que nutre os já famigerados ‘currais eleitorais’; mas que cabe a ele - cidadão - enquanto eleitor, a inalienável tarefa de corrigir essa realidade com o seu voto consciente.
Quem sabe, até apóiem uma nova PEC (Projeto de Emenda Constitucional) de Iniciativa Popular no sentido de que sejam colocadas as palavras: ética e dignidade, antes das ora constantes da bandeira nacional e, como expressão maior da alma brasileira.
União dos Palmares - AL, 21 de setembro de 2008.
Quando eu era criança e cursava o antigo ‘curso primário’ no ‘Grupo Escolar Rocha Cavalcante’, tinha um menino na nossa turma que se sentava na banca à minha frente. Ele era bom na matemática e por isto se sentia o tal. Mas que, na hora de entoarmos o hino nacional – embora a professora o corrigisse sempre – ele teimava em errar e iniciava sempre assim: -“O vírus do Ipiranga às margens plácidas...”
Então eu, sendo criado em chão de drogaria como era, estranhava aquilo e pensava lá com ‘os meus botões’: será que esses personagens garbosos – da famosa pintura do Pedro Américo –, do nosso livro de história, beberam da água do riacho e foram contaminados por esse tal ‘vírus do Ipiranga’?...
Tempos depois, em meus primórdios de aspirante a poeta – diante dos desmandos e contumácias na cena nacional – e provocado por aquela versão, digamos,‘metafórico-escatológica’ do verso inicial do símbolo pátrio, foi que escrevi estas ‘estrofes-antígeno’ como se segue.
Ao indivíduo alienado,
Deprimido contumaz,
E pessimista inveterado.
Ao sovina perspicaz,
Bruto descontrolado,
E presunçoso mordaz.
Ao cego do olho clínico,
Loquaz inconveniente,
Que é obsessivo-cínico.
Ao insolente mal-amado,
Alma apenada e insana,
E, malfeitor dissimulado.
Ao sexualmente 'pirado',
Predador geral assumido,
E de espírito deteriorado.
Ao mentiroso-mutante,
Destruidor inveterado,
E truculento ignorante.
Ao que não sabe fazer,
Serra esteio e rói corda,
E vê no mal o seu lazer.
À alma sebosa insolente,
Boca-rota pela bobagem,
E abominável indecente.
A quem, por azar do acaso,
Transitar por estas plagas,
Com má intenção e atraso.
Vai ouvir gemer a ema,
No efeito bem provocado,
Pelos versos deste poema.
Com este preparo injetado,
Leva em si e ajuda o outro,
Prá também ficar sarado.
Vai ao grotão e tira a canga,
Colocada em tantas costas,
Por esse vírus do Ipiranga.
Os versinhos acima foram produzidos num lampejo de inspiração cívica e de posicionamento de cidadania no fulgor da minha juventude; é bem verdade. São, no entanto, uma vívida expressão do meu norteador precoce repúdio às condutas sem ética e a essas nódoas morais que, desde os primórdios da nacionalidade teimam em manchar a imagem desta nação. Até porque, desde então essas abomináveis práticas recrudescem pela via político-partidária nos períodos eleitorais; como um antigo cancro moral entranhado no organismo social deste país. E que, - ‘prá ontem’ – deve ser radicalmente extirpado por cada um de nós e por todos.
Em tempos de antanho – e ainda residualmente – no nordeste e, na atualidade, nas comunidades faveladas; sempre pelo abjetos recursos da intimidação, do uso da força e da chantagem coletiva os useiros e vezeiros do ‘voto de cabresto’ mostram as suas garras. Contudo, parece-nos que o nosso cidadão, mesmo tardiamente, está tomando consciência de que a má distribuição de renda, a falta de consciência de sustentabilidade de alguns setores privados e a omissão dos poderes públicos, constitui-se no perverso insumo que nutre os já famigerados ‘currais eleitorais’; mas que cabe a ele - cidadão - enquanto eleitor, a inalienável tarefa de corrigir essa realidade com o seu voto consciente.
Quem sabe, até apóiem uma nova PEC (Projeto de Emenda Constitucional) de Iniciativa Popular no sentido de que sejam colocadas as palavras: ética e dignidade, antes das ora constantes da bandeira nacional e, como expressão maior da alma brasileira.
União dos Palmares - AL, 21 de setembro de 2008.
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