Saudação

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sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Exorcismando a maloca

Por George W B Cavalcanti


Porque as instituições republicanas não são malocas de homiziar contraventores; é que, estas linhas são atinentes à má distribuição de renda e injustiças sociais da realidade brasileira. Realidade essa de antigas dívidas sociais e fartamente traduzida – e, bota tradução nisso – em dados estatísticos amplamente divulgados pelas mídias nacionais e internacionais.

Indicadores retirados em recentes pesquisas realizadas por abalizadas instituições e em duas diferentes vertentes do nosso cotidiano e que, assim a primeira vista, parecem não estar lá muito interligadas. Mas que, na verdade são siamesas condicionadas, regidas e configuradas pela inexorável lei de causa e efeito que, perpetuamente inferniza aos corações e mentes de irresponsáveis e negligentes ‘de plantão’.

A primeira delas, em números absolutos, dá-nos conta de que até o ano 2.010 (dois mil e dez) teremos mais 2.000.000 (dois milhões) de compatriotas favelados e aditados aos mais de 50.000.000 (cinqüenta milhões) nesta condição – com todo o verde e amarelo ‘futebol clube’ a que tem direito –, existentes em nosso país até a presente data. E, vem do prestigioso esporte bretão que aqui virou arte e paixão, a segunda revelação, agora em números percentuais e, nos apontando que, 67 % (sessenta e sete por cento) da nossa população tem mais interesse por futebol do que pela vida político-partidária e suas conseqüências – diretas e indiretas –, na qualidade de suas vidas e das dos seus colegas de agremiação esportiva; embora muitos creiam que elas atingirão somente os adversários.

Mas, como é das decisões políticas que resultam a má educação, o preço do aluguel, do transporte e do feijão, passando pelo inacessível plano de saúde privado e desembocando no aumento da prostituição, da criminalidade, da impunidade e da ‘neura’ geral de insegurança. É que, a ‘galera’ tem que urgentemente entender que não será somente por agitarem pano de bandeira futebolística que lhes será oportunizado um emprego e, nem o escudo de seus times de coração no lado esquerdo da camisa lhes protegeria das ‘balas perdidas’.

Está mais do que na hora de tomarem outra atitude. Porque já estamos ‘carecas de saber’ que a revelação reiterada de tais condições lastimáveis, no entanto, parece nutrir a sádica e contumaz alegria dos nossos tradicionais coronéis criadores de gado humano e dos seus ‘vaqueiros sociais’ que, em seu primitivismo mental, só sabem fazer política tangendo povo como se fosse manada de gado humano.

Lastimável é constatar que enquanto isso, lá das favelas e dos alagados continuam a sair caravanas de alienados torcedores que descarregam suas frustrações a guerrearem entre si; e, que vão aos estádios espremidos em um precário coletivo da vida e a cantarem a antiga marchinha carnavalesca que os consola otimistamente: ‘se a canoa não virar ê,ê,ê,á, eu chego lá...; pode até chegar vivo mas, garanto que com tanta marola, aqui e alhures, o enjôo só aumenta.

Contudo, para ensejar-lhes o adequado contraponto, garanto-lhes que, eu e provavelmente a maioria dos patrícios gostaríamos que fosse enfim realizada a devida e alentadora reforma política. Porque ao imaginarmos tão glorioso momento para a cidadania e para a honra do nosso sofrido povo indispensável é, visualizamos dede já determinada corja de maus parlamentares voltando para casa - seus velhos e surrados ‘currais eleitorais’ - não em carro oficial ou particular blindado e sim em ‘camburão’.

Quando, então, um bom 'samba da garoa' lhes vestiria como uma luva com este seu verso saudosista: ‘saudosa maloca, maloca querida, din din donde nóis passemo'...

O contracanto não poderia ser outro que não: ‘Vade retro’ corrupção, maloca prá ti, aqui não!


União dos Palmares - AL, 18 de setembro de 2008.

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