Por George W B Cavalcanti
Começo este lembrando que em algum momento da minha vida defini o ‘quem sou eu’ – meu modo de ser e agir – como um leitor de textos, de gente e de mundo – mas, acrescento, que não somente lê como interpreta o que lê e que, o faz proativamente e transformadoramente para melhor –, lógico. Não é demais ressaltar que quem é capaz de ler mas, que não é capaz de interpretar corretamente o que lê, é classificado pela sociologia contemporânea como analfabeto funcional; isto porque embora sabendo ler e escrever funciona na realidade como se analfabeto fosse. Evidentemente, essa é uma condição perigosa para o desenvolvimento do convívio social e para o progresso de qualquer povo; e, contudo, aplica-se ao estágio cultural predominante no contexto local - mas que, particularmente, busco obstinadamente contribuir para debelar por uma questão de fé, crença e de nível de escolarização.
Ao longo da minha vida dedico cada vez mais tempo a esta leitura, digamos, ampla, geral e irrestrita. E, persistir nesta opção tem me custado um preço que não é fácil; alias, diga-se de passagem, nada do que é importante é fácil –, no mundo das coisas importantes fácil é uma palavra que não existe. Mesmo assim estimo as minhas abstrações, formulo modestas proposições, defendo princípios e afirmo os meus pontos de vista; mesmo que os mesmos, ainda, não tenham lá muita audiência. Não me importo, sou assumidamente como a tal colibri da fábula: - a ‘gotinha que carrego em meu bico significa que estou fazendo a parte que me cabe no combate ao incêndio que destrói a floresta’.
Quando observamos e refletirmos sobre a aceleração dedicada pelo homem cada vez mais às suas mais diversas atividades, encontramos dois fatores inerentes: uma obstinada ambição e um pragmatismo irresponsável e inconseqüente; sucesso tornou-se sinônimo de aceleração vertiginosa –, jovens há que se consomem tomando, literalmente, aceleração em comprimidos: o “êxtase”. Já que, no mundo dos normais e seus negócios, a aceleração é imposta tanto no quantitativo quanto nos qualitativo como condição - “sine qua non” - sem a qual não há garantia de sucesso; palavra mágica que abre as portas das benesses materiais e – mesmo relativizando o conceito de felicidade – é crescentemente idolatrada ao ponto de tornar-se o único deus adorado por importante parcela da população global -, danosa e tragicamente importante, assim percebo.
Senão vejamos: a exacerbação da concorrência e da competição chega ao ponto de sacrificar a maioria dos princípios éticos – para não falarmos do divino e religioso – e tem, não obstante os avanços da ciência da medicina, levado ao aumento do número de moléstias e precipitado os indivíduos num abismo de insegurança, medo, ansiedade e estresse; palavra esta cada dia mais em voga e invariavelmente assentada como letreiro no muro dos horizontes da humanidade. Até porque se credita ou debita a esse tal sucesso e seu progresso a façanha de nos entulhar de chaminés sem filtros a emitirem na atmosfera de 7,3 bilhões de toneladas/ano de CO2/gás carbônico – e no mesmo ritmo –, enxofre, chumbo e outros metais pesados altamente danosos à biodiversidade e de dificílima descontaminação -, os dados pertinentes são definitivamente aterrorizantes. Ah! Não esqueçamos as usinas nucleares e seu lixo atômico sem solução à vista, a contaminação do solo, das águas e do ar; a chuva ácida, o aumento da temperatura e da acidez dos mares, o degelo dos glaciares e geleiras, o aumento do efeito estufa e da morte por fome doenças e inanição de milhões dos nossos irmãos da África –, tudo isto ocorrendo neste exato momento.
Novamente quanto a mim, como resultado de uma escolha de atitude – ou seria inato? – de declinar da inveja, da cobiça, da ganância e seus decorrentes níveis imediatistas e aéticos de conduta pessoal, estou longe de ser considerado um exemplo do sucesso pragmático –, embora, eventualmente, aja pragmaticamente quando se trata de decisões urgentes e vitais. E, reconheço que, pelo menos até agora, tenho sido quase um completo fiasco quando o assunto é o poder e acumulação de fama, dinheiro, bens materiais, fortunas e afins. E, bem sei o quanto, a maioria das pessoas quase entra em delírio ao dizerem-se amigas de astros e estrelas da comunidade fechada dos ditos vencedores – os 1% da população que detém 90% do dinheiro do planeta – e bem sucedidos, com seus ostensivos evidentes sinais de riqueza; aceitos e louvados mesmo quando o são pela via do ilegal e/ou do ilícito – e, pelo que sinceramente não os invejo.
Concluindo acrescento que, desde há muito se incentiva e se continua a aplaudir a essa alardeada competitividade no mercado de trabalho - que é o embate cada vez mais feroz entre as organizações e empresas concorrentes – a seguir em espiral enquanto, na mesma proporção e velocidade, a harmonia e o equilíbrio do ser sem garantias do ter entram em parafuso. Vide a extremada pressão das diretorias das grandes corporações sobre seus jovens executivos de mais alto nível; chegando ao ponto de provocar-lhes doenças psicossomáticas, síndromes e a antecipação de males da idade avançada. Eles, embora eventualmente dispondo de departamento médico interno específico nas empresas, em muitos casos são mandados para casa – como peça no limite da fadiga – a carregar no peito duas pontes de safena e uma grana que não dá para custear-lhes os remédios de uso contínuo–, "tô fora"; 'O Senhor é meu pastor e nada me faltará' – Sl 23.1.
União dos Palmares - AL, 16 de setembro de 2008.
Começo este lembrando que em algum momento da minha vida defini o ‘quem sou eu’ – meu modo de ser e agir – como um leitor de textos, de gente e de mundo – mas, acrescento, que não somente lê como interpreta o que lê e que, o faz proativamente e transformadoramente para melhor –, lógico. Não é demais ressaltar que quem é capaz de ler mas, que não é capaz de interpretar corretamente o que lê, é classificado pela sociologia contemporânea como analfabeto funcional; isto porque embora sabendo ler e escrever funciona na realidade como se analfabeto fosse. Evidentemente, essa é uma condição perigosa para o desenvolvimento do convívio social e para o progresso de qualquer povo; e, contudo, aplica-se ao estágio cultural predominante no contexto local - mas que, particularmente, busco obstinadamente contribuir para debelar por uma questão de fé, crença e de nível de escolarização.
Ao longo da minha vida dedico cada vez mais tempo a esta leitura, digamos, ampla, geral e irrestrita. E, persistir nesta opção tem me custado um preço que não é fácil; alias, diga-se de passagem, nada do que é importante é fácil –, no mundo das coisas importantes fácil é uma palavra que não existe. Mesmo assim estimo as minhas abstrações, formulo modestas proposições, defendo princípios e afirmo os meus pontos de vista; mesmo que os mesmos, ainda, não tenham lá muita audiência. Não me importo, sou assumidamente como a tal colibri da fábula: - a ‘gotinha que carrego em meu bico significa que estou fazendo a parte que me cabe no combate ao incêndio que destrói a floresta’.
Quando observamos e refletirmos sobre a aceleração dedicada pelo homem cada vez mais às suas mais diversas atividades, encontramos dois fatores inerentes: uma obstinada ambição e um pragmatismo irresponsável e inconseqüente; sucesso tornou-se sinônimo de aceleração vertiginosa –, jovens há que se consomem tomando, literalmente, aceleração em comprimidos: o “êxtase”. Já que, no mundo dos normais e seus negócios, a aceleração é imposta tanto no quantitativo quanto nos qualitativo como condição - “sine qua non” - sem a qual não há garantia de sucesso; palavra mágica que abre as portas das benesses materiais e – mesmo relativizando o conceito de felicidade – é crescentemente idolatrada ao ponto de tornar-se o único deus adorado por importante parcela da população global -, danosa e tragicamente importante, assim percebo.
Senão vejamos: a exacerbação da concorrência e da competição chega ao ponto de sacrificar a maioria dos princípios éticos – para não falarmos do divino e religioso – e tem, não obstante os avanços da ciência da medicina, levado ao aumento do número de moléstias e precipitado os indivíduos num abismo de insegurança, medo, ansiedade e estresse; palavra esta cada dia mais em voga e invariavelmente assentada como letreiro no muro dos horizontes da humanidade. Até porque se credita ou debita a esse tal sucesso e seu progresso a façanha de nos entulhar de chaminés sem filtros a emitirem na atmosfera de 7,3 bilhões de toneladas/ano de CO2/gás carbônico – e no mesmo ritmo –, enxofre, chumbo e outros metais pesados altamente danosos à biodiversidade e de dificílima descontaminação -, os dados pertinentes são definitivamente aterrorizantes. Ah! Não esqueçamos as usinas nucleares e seu lixo atômico sem solução à vista, a contaminação do solo, das águas e do ar; a chuva ácida, o aumento da temperatura e da acidez dos mares, o degelo dos glaciares e geleiras, o aumento do efeito estufa e da morte por fome doenças e inanição de milhões dos nossos irmãos da África –, tudo isto ocorrendo neste exato momento.
Novamente quanto a mim, como resultado de uma escolha de atitude – ou seria inato? – de declinar da inveja, da cobiça, da ganância e seus decorrentes níveis imediatistas e aéticos de conduta pessoal, estou longe de ser considerado um exemplo do sucesso pragmático –, embora, eventualmente, aja pragmaticamente quando se trata de decisões urgentes e vitais. E, reconheço que, pelo menos até agora, tenho sido quase um completo fiasco quando o assunto é o poder e acumulação de fama, dinheiro, bens materiais, fortunas e afins. E, bem sei o quanto, a maioria das pessoas quase entra em delírio ao dizerem-se amigas de astros e estrelas da comunidade fechada dos ditos vencedores – os 1% da população que detém 90% do dinheiro do planeta – e bem sucedidos, com seus ostensivos evidentes sinais de riqueza; aceitos e louvados mesmo quando o são pela via do ilegal e/ou do ilícito – e, pelo que sinceramente não os invejo.
Concluindo acrescento que, desde há muito se incentiva e se continua a aplaudir a essa alardeada competitividade no mercado de trabalho - que é o embate cada vez mais feroz entre as organizações e empresas concorrentes – a seguir em espiral enquanto, na mesma proporção e velocidade, a harmonia e o equilíbrio do ser sem garantias do ter entram em parafuso. Vide a extremada pressão das diretorias das grandes corporações sobre seus jovens executivos de mais alto nível; chegando ao ponto de provocar-lhes doenças psicossomáticas, síndromes e a antecipação de males da idade avançada. Eles, embora eventualmente dispondo de departamento médico interno específico nas empresas, em muitos casos são mandados para casa – como peça no limite da fadiga – a carregar no peito duas pontes de safena e uma grana que não dá para custear-lhes os remédios de uso contínuo–, "tô fora"; 'O Senhor é meu pastor e nada me faltará' – Sl 23.1.
União dos Palmares - AL, 16 de setembro de 2008.
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